Quando se envolver faz toda a diferença. A Youtuber, empresária de moda e mãe, Ana Paula Xongani resolveu fazer um vídeo em outubro do ano passado, no seu canal sobre o livro Peppa, (não se confundam com a Peppa Pig) da Silvana Rando. Quando Ana foi em uma reunião da escola da sua filha, que estuda em uma creche municipal, ela ficou “horrorizada” com a obra da editora Brink Book.
“Todas as páginas do livro tem problema. É um livro extremamente racista porque imagina uma criança de cabelo crespo, ou você com cabelo crespo lendo esse livro, você gostaria de ser a Peppa?”, protesta Xongani.
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No livro a personagem tem cabelos crespos e uma vida muito difícil por conta disso. Ao ir ao salão , a cabeleireira usa instrumentos de mecânica e marcenaria para cortar os fios duros da Peppa que fica com os cabelos lisos, porém com muitas restrições para mantê-lo assim, inclusive a proibição de brincar ao ar livre e nadar.
Mais de um ano depois, o link do vídeo foi compartilhado pelo professor e escritor Carlos Machado em seu perfil no Facebook e viralizou.
A autora, que recebeu a mensagem e contestou dizendo que que a obra estava sendo mal interpretada, mas depois de tanta pressão ela mesma pediu para que o livro, que levou o prêmio Jabuti como melhor ilustração, fosse recolhido.
Esse é um exemplo do poder das redes sociais em mobilizar pessoas e pressionar instituições a serem mais atenciosas com o conteúdo que disponibilizam para as crianças, sejam livros, brinquedos, escolha de professores.
A maneira com que a Peppa teve seu cabelo crespo exposto negativamente, faz com que a criança se sinta inferior e até ridicularizada, o que pode facilmente resultar em atitudes racistas e bullying por parte dos colegas.
Quem é branco de cabelo liso, não sabe disso. Por isso a importância da diversidade no processo de aprovação de livros que têm personagens fora do padrão Cinderela.
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