O Expert XP 2022, o festival de investimentos da XP Inc. começou hoje, 3 de agosto. Em formato híbrido, pela primeira vez em 12 anos, a edição do evento deste ano, tem como tema “O futuro pelo olhar de quem transforma” e está confirmado entre as principais atrações a tenista Serena Williams, que participa do evento nesta quinta-feira, 4.
Renê Silva (ONG Voz das Comunidades), Ricardo Silvestre (Black Influence),
Verônica Hipólito (Paratleta), Ana K. Melo (XP) e Thienne Czizeweski (XP) discutiram nesta tarde, o tema “Diversidade vs. Inovação: Como a pluralidade potencializa resultados”.
Ricardo Silvestre falou sobre como surgiu a ideia de fundar a agência Black Influence. “Sempre existiu uma demanda muito grande. Quando a gente faz um recorte de Brasil, nós estamos cansados de saber que o Brasil é um país composto por 60% de população preta, o que nos faz ser o país com maior quantidade de pessoas pretas fora de África no mundo. Só que quando a gente faz o recorte pensando na publicidade, a gente vê uma discrepância muito grande quando pensa em representatividade”.
Ele detalhou os números nas área de publicidade. “95% das pessoas pretas do Brasil não se sentem representadas em propagandas. A Black surgiu justamente pra provocar essa transformação no mercado. Na comunidade que é extremamente potente, que movimenta quase R$ 2 trilhões por ano, o que equivale a pelo menos 25% do PIB. Já que estamos falando de um investimento de valor, é uma comunidade muito potente e que ainda assim está sempre à margem quando o assunto é representatividade”.
Com foco nas periferias, o Renê Silva, fundador do jornal Voz das Comunidades, criado no Complexo do Alemão (RJ), falou sobre o que falta para desenvolver as potências que vivem nas favelas.
“O que eu tenho cutucado há um bom tempo, as empresas e os empresários, pra que haja um investimento, principalmente na área de tecnologia, na área do setor financeiro. Com tantos talentos, que a gente tem de cantores, jogadores de futebol, jornalista, mas isso não é potencializado. Muito pelo contrário, esses artistas que vem da favela, muitas das vezes acabam sendo criminalizadas por conta das ações do estado, com operação policial, e a gente acaba não tendo uma mudança social. Doze anos depois daquela megaoperação que teve no Complexo Alemão, que foi amplamente divulgada na mídia e a realidade é a mesma. De doze anos pra cá, quais foram esses investimentos? Praticamente nenhum”, destaca Renê.
O jornalista pontuou também uma parceria recente. “A gente tem uma construção ali dentro do Complexo Alemão, com o iFood Brasil, porque eu falei em um painel que eu participei aqui em São Paulo, durante o evento de economia da CNN Brasil, na qual eu falei sobre a importância de ter a Microsoft, da gente ter a iFood, uma empresa de tecnologia trabalhando dentro da favela. Então é importante pra troca, é importante que a gente comece a movimentar isso tudo pra que haja mudança social”.