Das periferias de SP ao mercado financeiro como sócio na XP

Marcos Rodrigues, 35, cresceu nas periferias da zona oeste de São Paulo e hoje é sócio e head de produtos de renda fixa na XP, um dos importantes porta-vozes da empresa com ampla experiência na área de finanças.

Mas antes de iniciar a jornada profissional, Marcos cresceu como uma criança apaixonada por esportes e um jovem disposto a mudar de vida.

“Eu era como qualquer criança e adolescente em escola pública. Queria jogar futebol, não gostava muito de ir à escola, preferia ficar na rua soltando pipa e jogando bola”, relembra.

Marcos perdeu o pai aos cinco anos e foi criado só pela mãe, que se desdobrava para cuidar dele. Encontrou no esporte, especialmente o futebol, a oportunidade de se divertir e aprender.

“Até hoje eu uso muito coisas relacionadas ao esporte [no dia a dia]”. Dentre essas coisas, Marcos cita a dedicação e a competitividade que aplica no lado pessoal e no ambiente de trabalho.

Ainda sem saber muito bem o que faria, mas com a provocação de sua mãe para fazer faculdade, Marcos se interessou por um cursinho popular da USP (Universidade de São Paulo) para tentar uma bolsa de estudos no ensino superior, quando as oportunidades eram ainda menores.

“Não tinha programas como esses que existem hoje, ProUni, Enem. Então eu fui trabalhar e fazer pré-vestibular”, diz.

Para conseguir estudar no cursinho, Marcos começou a trabalhar. “Eu era caixa de um estacionamento, ajudava a lavar carro e juntava uma grana para pagar o curso”.

Com o dinheiro que o Marcos guardou, ele pôde estudar pelo segundo ano consecutivo, mas desta vez, mais focado. Assim, garantiu uma bolsa de estudos para Engenharia de Produção na Universidade Mackenzie.

No ano seguinte, foi aprovado na USP para cursar Matemática Aplicada e Estatística e manteve os dois cursos em formação. Para isso, fez aproveitamento de notas e estudou durante as janelas de horários entre os cursos. Nesta fase, a bolsa de estudos e o emprego da mãe foram fundamentais.

Carreira no mercado financeiro

Foi durante a metade do curso de engenharia, com as notícias do Brasil ganhando destaque sobre economia, que Marcos se interessou pelo mercado financeiro.

“Minha primeira sensação foi de ‘escolhi o curso errado, devia ter feito economia’, mas na época a miopia era tão grande, que eu nem enxergava que engenharia podia ter muito espaço no mercado financeiro”.

Marcos usou os recursos que eram possíveis para adaptar o currículo e ingressar no setor. Além disso, desenvolveu trabalhos acadêmicos que pagavam algo, como pesquisas, monitoria etc. para contribuir com as economias da mãe para seu futuro.

“Eu comecei a prestar algumas matérias de administração e economia, comecei a me dedicar mais no inglês, fui morar três meses nos Estados Unidos com um programa de work experience em que eu podia trabalhar e estudar. Fiquei tentando desbravar para conseguir ter os conceitos básicos que o mercado financeiro cobra”.

Ele então teve a primeira conquista na área pretendida: a aprovação no trainee pela Deloitte, empresa em que trabalhou com auditoria. Em seguida, ingressou na KPMG como consultor e, depois, na RB Capital, onde ficou por quatro anos, subindo de cargo até se tornar Gerente de Relacionamento.

Nestas outras empresas, há um plano de carreira para que os funcionários consigam se destacar e subir de cargo. Mas foi na XP que o Marcos enxergou seu esforço dando certo.

“De fato consegui desempenhar tudo o que aprendi e tanto me dediquei”, relata sobre sua vivência na companhia, onde trabalha há cerca de cinco anos.

Como Gerente de Renda Fixa, Marcos é responsável por trazer opções de investimento para a plataforma da XP. Tudo o que tem disponível no aplicativo ou na web para comprar, de alguma forma, ele participou da negociação.

Inspiração para alcançar os objetivos, a mãe do Marcos também é a imagem que vem em sua mente na hora de personificar um cliente e esclarecer dúvidas durante uma palestra, por exemplo.

“Como eu explico o que é um CDB, o que é uma LC, uma LCA, uma debênture, qual que é o risco de uma operação, como que ela entra no aplicativo?”, ele responde esses questionamentos imaginando a mãe dele.

“Não é o dia a dia dela adquirir investimento, então eu personifico minha mãe nesse cliente, que não conhece tanto de financeiro, ela é meu norte de cliente para ir derivando aqui os nossos”, explica.

Hoje, como um homem de carreira e referência no mercado financeiro, Marcos relembra o quanto esses sonhos de formação e carreira pareciam distantes de onde morava.

“Quando você cresce numa favela, a criança não sabe o que pode fazer, ela não sabe que existe aquilo para fazer, é o que eu chamo de cegueira social. Você tem que tirar isso da frente”, ressalta.

Comments