Musical vai abordar a obra e a relação da cantora com o sagrado.
Vanessa da Mata já nutria o desejo antigo de homenagear a icônica cantora Clara Nunes nos palcos. Depois de quase dois anos, a cantora vai estrelar, enfim, no final do ano, o espetáculo “Clara Nunes – A Tal Guerreira”, com direção de Jorge Farjalla, em formato online. “Idealizei tudo isso há muitos anos. Tive uma reunião em 2019 com o diretor e amigo Jorge Farjalla e o produtor Marco Griesi. Sempre fui apaixonada pelos Brasis que Clara canta! Ela sempre me capturou de uma forma especial”, conta Vanessa.
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A homenagem a Clara Nunes vai ter o foco principal na sua obra musical e na relação que ela estabelecia com o sagrado. “Clara é um dos ícones que sustentam um orgulho de nascermos aqui. Nós precisamos levar às novas gerações esses ritmos, jeito, pureza, fogo, invencibilidade e pluralidade musical dela”, explica Vanessa, sobre as danças, religiosidade e cultura afro-brasileira que Clara Nunes sempre celebrou nas suas canções, no palco e nas vestimentas.
Vanessa da Mata pretende resgatar e renovar o fôlego de um trabalho que Clara Nunes fazia, de pesquisar e trazer ritmos de cada canto do Brasil para o país inteiro. “Clara tinha o trabalho lindo de trazer músicas originais de várias partes do Brasil e transformar isso em música nacional, como caboclinho, lundu, samba de roda, sambas em geral, maracatus e tantos outros que estão desaparecendo com seus condutores morrendo, e não há renovação com os jovens”, completa.
Pela primeira vez, o lado atriz de Vanessa vai aparecer em primeiro plano e, segundo o diretor Jorge Farjalla, será mais do que especial. “Legítima, verdadeira. Normalmente, Vanessa interpreta de maneira muito particular as canções dela, quero isso para a sua atriz, essa singularidade de olhar o novo, de brincar com essa Clara Nunes, levar o corpo da personagem na medida certa”, aposta ele. “O musical não é um documentário sobre a vida da Clara Nunes e, sim, uma homenagem, uma celebração à essa artista plural que marcou época. Vejo o musical como se essa luz pudesse nos livrar da escuridão em que vivemos nesses dias de hoje. Vamos falar de Clara para uma geração que talvez nem sabe o que ela significa para a MPB e para a cultura do nosso Brasil”, torce Farjalla.