À frente da transmissão do Carnaval Globeleza em São Paulo, a jornalista Valéria Almeida vive mais um momento especial em sua carreira. Com 19 anos de experiência no jornalismo, ela encara essa nova oportunidade como um reconhecimento de sua trajetória, além de um grande presente.
“É um grande presente porque eu aprendo muito mais do que o que eu tenho tempo para falar dentro de um espaço óbvio de transmissão, porque são conhecimentos e conexões que eu vou levar para uma vida inteira. E eu sinto que essa é uma troca que acontece pros dois lados, porque eu aprendo muito e eu sei que eles olham para mim como alguém que pode estar ali falando de uma cultura que nasce do povo preto, sendo uma mulher negra que valoriza a cultura negra”, disse em entrevista à editora-chefe do Mundo Negro, Silvia Nascimento. “E quando eu vou para os ensaios, me conecto com as pessoas, quando elas se reconhecem em mim e me veem como uma porta-voz, eu [também] considero que isso é um grande presente”.
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Mais do que um desafio profissional, Valéria encara essa missão como uma honra e uma forma de reafirmar a potência da cultura negra na maior festa popular do Brasil. “Eu nasci e cresci numa casa em que as pessoas, os meus pais, os meus tios, meus avós valorizavam o Carnaval e faziam com que a gente soubesse que o Carnaval era o que era, porque nasceu do povo preto, que nasceu da cultura negra, de um povo que lutou muito para manter uma tradição, a tradição do samba vivo”, comentou. “Quando eu estou ali junto das pessoas que em sua maioria negra me abraça e me parabeniza, esse é o resultado de uma luta coletiva para que a nossa cultura fosse celebrada”, completa.
A transmissão do Carnaval de São Paulo acontece nos dias 28 de fevereiro e 1º de março sob o comando de Valéria Almeida e Everaldo Marques, que estreiam nessa função ao lado de Milton Cunha.
Leia a entrevista completa abaixo!
Valéria, você tem acompanhado de perto os ensaios das escolas de samba para o Carnaval Globeleza. Como essa experiência tem reforçado sua conexão com a cultura negra e de que maneira acredita que sua presença na apresentação contribui para a representatividade na mídia?
Toda essa preparação para apresentar o Carnaval tem sido muito rica para mim, de uma riqueza que eu considero uma riqueza ancestral, uma riqueza cultural, para além de uma riqueza intelectual, para além do conhecimento, que é o que eu vou conseguir falar, tem uma conexão com as pessoas que são presentes que eu vou levar com certeza pra vida inteira. Eu nasci e cresci numa casa em que as pessoas, os meus pais, os meus tios, meus avós valorizavam o Carnaval e faziam com que a gente soubesse que o Carnaval era o que era, porque nasceu do povo preto, que nasceu da cultura negra, de um povo que lutou muito para manter uma tradição, a tradição do samba vivo. Depois, pensando num período que ele foi considerado crime de vadiagem. Então, quando eu olho para toda essa manifestação do tamanho que ela é hoje, a maior do Brasil e uma das mais importantes do mundo e penso que ela é de origem negra, é algo que me enriquece, me fortalece, me envaidece por ser uma mulher negra, que sempre valorizou a história preta.
E aí hoje, quando eu vou para os ensaios, me conecto com as pessoas, quando elas me abraçam, quando elas se reconhecem em mim e me veem como uma porta-voz, eu considero que isso é um grande presente. Um presente porque eu aprendo muito mais do que o que eu tenho tempo para falar dentro de um espaço óbvio de transmissão, porque são conhecimentos e conexões que eu vou levar para uma vida inteira. E eu sinto que essa é uma troca que acontece pros dois lados, porque eu aprendo muito e eu sei que eles olham para mim como alguém que pode estar ali falando de uma cultura que nasce do povo preto, sendo uma mulher negra que valoriza a cultura negra. Então, é um presente para mim, é uma honra para mim como profissional, uma profissional que foi escolhida pela TV para fazer essa transmissão tão importante. Então isso é um reconhecimento como pessoa. Quando eu tô ali junto das pessoas que em sua maioria negra me abraça e me parabeniza e diz que tá feliz, que tá orgulhosa, porque esse é, com certeza, resultado de uma luta coletiva para que a gente pudesse estar nos bons lugares e para que a nossa cultura fosse celebrada, que a gente pudesse ser falado enquanto pessoas ricas culturalmente, pessoas que tem muito para compartilhar. E eu tô feliz de estar nessa missão.
E falando especificamente sobre representatividade, a gente fala que representatividade importa e importa muito a representação, o espaço que a gente ocupa importa e importa muito, porque isso interfere, contribui pro imaginário, para formação de novas gerações que já crescem sabendo que pessoas podem ocupar todos os lugares, que tem o direito de serem felizes e prosperarem, que que gostam e que vão gostar cada vez mais das suas culturas, das suas origens. Então, toda vez que a gente ocupa um bom lugar, eu tô falando de mim, dos meus colegas, e não só na mídia, em qualquer espaço, que seja de uma boa representação, qualquer espaço que seja positivo para a formação de um novo imaginário. Eu acho extremamente importante e também é importante quando a gente fala da representatividade para as pessoas mais velhas que olham e vão entender que valeu a pena, que toda a luta vale a pena, porque a gente vai ocupando os bons espaços, porque a gente vai mudando a nossa história, vai mudando a história de quem tá no nosso entorno, vai mudando a história de quem tá longe e olha pra gente e pensa que é possível. Ainda que o caminho não seja fácil, é possível.
Como você descreveria o momento que está vivendo agora na TV Globo? O que essa oportunidade de cobrir uma das maiores festas do mundo representa para você e para sua trajetória no jornalismo?
Com relação à minha vivência na TV, esse é um momento muito importante para mim. Dos meus 19 anos de jornalismo, 14 são na TV. Eu tive a oportunidade de participar de grandes programas e projetos. Então, comecei minha história na TV pelo Profissão Repórter, onde eu passei quase 6 anos, tive oportunidade de viajar esse Brasil todo, ir para fora do país, ser finalista do Emmy Internacional, ganhar prêmios Globo pelo meu trabalho, participar do Bem-Estar era um programa, fazer parte do Encontro, do É De Casa, toda essa esse percurso fez com que eu chegasse até aqui firme, sabendo que eu sempre entro num projeto dando meu melhor. E ser reconhecida, ser chamada pela TV para apresentar um projeto como esse é entender que a TV também reconhece esse meu trabalho, porque esse é um projeto que é de uma grandiosidade. A transmissão do Carnaval é algo muito grande, muito importante para a TV. Então, saber que a direção da TV confia no meu trabalho, sabe que eu vou dar conta. É, é algo que é muito precioso, é muito importante como profissional. Então, eu só posso tá feliz que é como eu tô pelo conjunto da obra.
Considerando sua rotina intensa de trabalho, especialmente durante a cobertura do Carnaval, quais práticas você adota para manter sua saúde física e mental? Poderia compartilhar alguns cuidados específicos de beleza e bem-estar que considera essenciais?
Olha, isso tem sido bem importante, porque eu continuo apresentando Bem-Estar, apresentando o Encontro, desde que eu descobri que faria a transmissão do Carnaval com Everaldo Marques na apresentação, tendo Ailton Graça, Milton Cunha e Judson Sales como parceiros de trabalho, eu tenho me dedicado muito e tenho me dedicado a estudar ao mesmo tempo que apresento o Encontro, apresento o Bem-Estar e tenho minha casa, minha família, marido, filho. O que eu tenho feito é me alimentado da melhor forma possível, treinado, praticado as atividades físicas que eu preciso praticar para manter um corpo funcionando. E tenho feito terapia porque eu nunca dou alta para minha psicóloga. Eu digo que não dá para dar alta porque a gente precisa estar no eixo em equilíbrio, porque essa é uma missão muito grande também. Então tem uma responsabilidade grande que se soma a todas as outras que eu já tenho e que é importante que eu esteja com a cabeça bem boa, bem firme para aproveitar essa oportunidade, dando o meu melhor, mas também sabendo que eu sou uma pessoa, um ser sujeita a erros, porque eu só sou uma pessoa. Então, manter esse equilíbrio com terapia, com atividade física e uma alimentação, é o que eu tenho feito. E sempre que eu posso, eu encontro as minhas amigas, porque acho que também tá cercada de pessoas que a gente ama, que torcem pela gente. Isso também faz muita diferença. É bom poder compartilhar com quem a gente ama e saber que as pessoas vão estar ali vibrando, apoiando, dando uma palavra de incentivo, de coragem. E isso é bastante importante. Para mim, essa é a minha receitinha para me manter firme, me manter bem e aproveitar o processo enquanto eu vou vivendo tudo isso, porque eu já tenho vivido o Carnaval, né? Não é só o dia da transmissão. Todos esses dias, todos esses meses de trabalho, de dedicação, eu preciso fazer estando inteira. E é assim que eu faço para estar inteira.
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