Mundo Negro

Última sobrevivente do último navio negreiro nos EUA lutou por reparação até o fim da vida

Foto de John Crear, Cortesia à Aljazeera/ Reprodução

Matilda McCrear, última sobrevivente conhecida do Clotilda, o último navio negreiro a levar escravizados ilegalmente aos Estados Unidos, lutou por justiça até o fim de sua vida. Aos 70 anos, em 1931, ela percorreu 24 quilômetros a pé até o tribunal de Selma, no Alabama, para reivindicar reparações por sua escravização forçada. Ela faleceu no dia 13 de janeiro de 1940, há 85 anos.

Nascida entre o povo Takar, na África Ocidental por volta de 1857 e chamada de Abake (“nascida para ser amada por todos”), ela foi capturada junto com sua mãe e irmãs em uma guerra regional promovida pelo Reino de Daomé, atual Benin. Ainda criança, foi vendida como escravizada e enviada ao Alabama a bordo do Clotilda no ano de 1859, comandado pelo canadense William Foster, em uma operação ilegal que violava a proibição do tráfico transatlântico de escravizados.

Notícias Relacionadas


Matilda e outros 107 pessoas escravizadas enfrentaram condições desumanas durante a travessia no porão do navio. Chegando ao Alabama, ela, sua mãe e uma irmã foram entregues ao proprietário de terras Memorable Creagh, que lhes deu novos nomes e os forçou ao trabalho escravo.

Após o fim da escravidão em 1865, Matilda e sua família enfrentaram desafios como o racismo sistêmico e a pobreza extrema. Mesmo assim, ela se manteve conectada às suas raízes africanas, preservando tradições culturais, como o uso de penteados tradicionais, ensinados por sua mãe. Aos 14 anos, ela teve o primeiro de 14 filhos com um homem alemão com quem manteve uma união estável.

Em 1931, motivada por rumores sobre possíveis indenizações para pessoas traficadas ilegalmente, Matilda andou 24 quilômetros até o tribunal de Selma para buscar reparação judicial pelos anos de escravização. No entanto, seu caso foi rejeitado, como muitos outros. Ela morreu em 13 de janeiro de 1940, aos 83 anos, sem ter recebido justiça.

Décadas depois, sua história ganhou notoriedade graças à historiadora Hannah Durkin, da Universidade de Newcastle. Pesquisas recentes confirmaram o papel de Matilda como um símbolo da luta contra a escravidão e pela preservação da memória histórica.

O Clotilda teve seus destroços localizados em 2019 no Rio Mobile, no Alabama, reavivando debates sobre a história da escravidão nos Estados Unidos. A jornada de Matilda continua sendo uma lembrança do impacto duradouro da escravidão e da resistência dos sobreviventes.

Fonte: Al Jazeera

Notícias Recentes

Participe de nosso grupo no Telegram

Receba notícias quentinhas do site pelo nosso Telegram, clique no
botão abaixo para acessar as novidades.

Comments

Sair da versão mobile