Nesta sexta-feira (6), data em que se comemora o Dia da Pessoa Trancista, profissionais da área têm um motivo a mais para celebrar: a inclusão oficial da atividade na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), sob o código 5161-65. A medida, aprovada ontem (5), marca um avanço histórico não só pela profissionalização, mas também para a valorização de um saber ancestral, exercido majoritariamente por mulheres negras.
Além da nomenclatura “trancista”, a CBO reconhece também os termos “artesão capilar”, “profissional das tranças” e “trançadeiro capilar”. A formalização dá visibilidade a uma atividade que já movimenta bilhões de reais no país, impulsionada pela valorização da estética afro e da identidade negra.
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O reconhecimento também representa inclusão no mercado formal: permite acesso a cursos profissionalizantes, emissão de nota fiscal, contribuição ao INSS por meio do MEI e abertura de negócios próprios.
“O mais urgente é o reconhecimento do valor cultural, histórico e identitário das tranças. O nosso saber não veio de uma sala de aula tradicional, ele vem de gerações, da oralidade, da vivência nas periferias, da ancestralidade africana que resiste em cada fio trançado”, afirma Denise Melo, trancista e ativista pela regulamentação da profissão, em entrevista ao jornal A Tarde.
Ela destaca que o avanço precisa ser acompanhado de políticas públicas. “É necessário investir em formação, acesso a políticas públicas, espaços de visibilidade e incentivo ao empreendedorismo negro, porque muitas de nós começamos com pouco ou nenhum apoio, apenas com coragem, talento e força de vontade.”
Ireuda Silva (Republicanos), vereadora de Salvador (BA), foi uma das articuladores pela inserção da ocupação na CBO, junto ao Ministério do Trabalho. “Ela foi até Brasília, conversou diretamente com o Ministro do Trabalho [Luiz Marinho] e defendeu com firmeza a regulamentação da nossa profissão. Isso foi um divisor de águas. Ver uma mulher preta em posição de poder nos representando e abrindo caminhos foi extremamente inspirador”, conta Denise.
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