Mundo Negro

“Todos em volta e sem fim”:  Bruno Zambelli quer trazer a roda brasileira para o Afropunk Bahia

Foto @lucasraion

Brasil esse momento é nosso! O maior festival de música negra do planeta estará entre nós. O Afropunk Bahia acontece em Salvador no dia 27 de novembro, em modo híbrido, ou seja, haverá a presença de público – moderada por conta da pandemia – mas o mundo todo poderá acompanhar o festival online (Youtube/Site Afropunk).  Na programação do evento, apresentado por Larissa Luz, o rapper Mano Brown divide o palco com Duquesa; Tássia Reis se une ao Ilê Aiyê; enquanto a baiana Luedji Luna se apresenta com o Duo Yoún; a carioca Malia soma ao lado da Margareth Menezes; e, por fim, Urias com Vírus.


O visual é algo tão importante quanto o som nesse evento. A beleza do público que sempre apresenta looks incríveis tem que ser recompensada com uma estética estimulante. Junto com Gil Alves, Bruno Zambelli, diretor criativo do grupo musical ATTOOXXA, dirige a parte criativa do festival.

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Bruno Zambell – Foto: Arquivo pessoal

O Mundo Negro conversou com Bruno sobre o que podemos esperar desse evento tão aguardado pela comunidade negra brasileira. Ele tem um grande desafio pela frente que é fazer um evento internacional no Brasil vacinado, mas que ainda tem que seguir os protocolos de segurança para o público e o staff.  “Acho que cabe também reconhecer a toda a equipe preta que fez essa ideia funcionar, pelos obstáculos não apenas técnicos, mas também emocionais, em fazer acontecer um evento tão esperado pela gente, no momento mais difícil possível para a sociedade”.

MUNDO NEGRO – COM A MAIORIA DAS PESSOAS VACINADAS, QUAIS SÃO NESSE MOMENTO OS MAIORES DESAFIOS EM PRODUZIR UM FESTIVAL DESSE PORTE AINDA EM FORMATO HÍBRIDO?

As maiores dificuldades estão em justamente lidar com esse momento de transição. Perceber os estabelecimentos abrindo, os eventos liberando maior quantidade de pessoas. Isso requer que o festival vá se adaptando a esse processo. Ocorreram várias alterações no meio do caminho. Primeiro se pensou em uma proposta somente online e depois foi abrindo para o público. Fazer um festival híbrido é perceber que o que seria somente uma transmissão recorre também ao acolhimento do público, e é desafiador fazer o que seria o ideal. Sem contar que é o primeiro festival Afropunk Bahia, o que é um desafio por si só, sendo a primeira edição no Estado e no Brasil. Acho que cabe também reconhecer a toda a equipe preta que fez essa ideia funcionar, pelos obstáculos não apenas técnicos, mas também emocionais, em fazer acontecer um evento tão esperado pela gente, no momento mais difícil possível para a sociedade.

O QUE MAIS VAI REPRESENTAR O BRASIL NESSA VERSÃO NOSSA DO AFROPUNK?

Trazemos o Brasil dentro do conceito do festival deste ano, que é a roda. A roda foi um símbolo escolhido por ser uma expressão que se manifesta em vários lugares da nossa cultura Brasileira, especialmente musical e religiosa. Pensamos que esta seja uma forma de marcar o símbolo e sair do padrão de olhar o artista debaixo, enquanto ele está em cima, no palco. Em círculo, permanecemos todos em volta e sem fim. E não é apenas sobre os artistas que vão se apresentar e que iremos assistir, mas sobre todos construirmos essa grande roda, esse grande ritual. A princípio, temos esse olhar Afropunk sobre o que é Brasil, um olhar próprio. E é o que vai acontecer nesse festival.

VOCÊ JÁ PARTICIPOU DE ALGUMA EDIÇÃO DO AFROPUNK SE SIM, QUAL MAIS GOSTOU E QUAIS OUTROS FESTIVAIS DE MÚSICA VOCÊ CONSIDERAR INSPIRADOR?

Eu nunca estive em um festival do Afropunk, sempre quis desde a primeira vez que eu soube da existência e quando soube que viria para o Brasil, fiquei ansioso demais com essa possibilidade. Acho que eu e meus amigos, quando soubemos disso, pensamos: “imagina se tal artista toca, se tal artista vem de fora tocar… imagina se a gente toca” – no caso, eu e meus amigos que trabalham com música. Nos imaginamos pensando onde vai ser, o que vamos vestir. Penso que esse é o sentimento mais incrível do Afropunk, porque também fala sobre a carência que temos de um espaço para valorizar nossa cultura enquanto pessoas pretas. Eu já estive em muitos festivais, mas nunca senti que esse fosse o centro de interesse do evento. Ter um espaço como esse é incrível, principalmente em Salvador, que é a cidade mais preta do Brasil pô, então, eu diria que é o lugar ideal para acontecer, com certeza vamos criar caminhos muito prósperos.

AFROPUNK BAHIA
PROGRAMAÇÃO:

Apresentação: Larissa Luz

Shows ao vivo:

Mano Brown & Duquesa

Tássia Reis & Ilê Aiyê

Luedji Luna & Yoún

Malia & Margareth Menezes

Urias & Vírus

Deekapz convida Melly e Cronista do Morro

Batekoo convida Deize Tigrona , Tícia e Afrobapho

Serviço:

Data: 27 de novembro de 2021 (sábado)

Horário: A partir das 17h30

Transmissão: YouTube (link aqui) e site (link aqui) do AFROPUNK.

Ingressos (AQUI)

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