O TikTok virou a rede social casa dos últimos grandes virais que tomaram as redes. Desafios, esquetes de humor e é claro, as coreografias, ou como muitos chamam: as dancinhas de TikTok.Grandes hits ganham coreografias criadas pelos fãs de artistas como Beyoncé, Usher,Young Thug, Lil Nas. Aqui no Brasil, dançarinas criam passos de funk, axé e pop e ganham milhares de seguidores.
Essa tendência sofreu uma quebra recentemente, após tiktokers negros entrarem em hiato em relação à criação de novas coreografias, alegando que após criarem seriam ‘roubados’ por pessoas brancas e essas tem ganhado muito mais visibilidade com algo que não criaram.
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Uma das popstars do momento, Megan The Stallion não ganhou de seus seguidores uma coreografia de seu último lançamento e segundo a CNN norte-americana, os produtores de conteúdo alegam estarem sendo explorados. “Pessoas pretas criam e pessoas brancas ganham o dinheiro”, diz a reportagem.
Para exemplificar o caso, a CNN lembrou de quando, no início do ano, a dançarina Addison Rae viralizou ao apresentar uma dança no show do apresentador Jimmy Fallon. Acontece que a coreografia, criada para “Up”, de Cardi B, foi criada por dois adolescentes negros, Mya Johnson e Chris Cotter. “Sinto que é muito importante para nós recebermos o nosso crédito, porque somos criadores muito bons e somos negligenciados no que criamos”, disse Johnson em entrevista à Vogue.
Outro tiktoker preto, Erick Louis, de 21 anos, fez um vídeo zombando dos criadores brancos tentando fazer uma dança. Ele começa fingindo que está dançando a dança criada por dois usuários, para abruptamente e se afastar, e aparece a legenda: “ Este aplicativo não seria nada sem os negros”. Para Louis o algoritmo trata criadores negros com uma forma de violência. “O que acaba acontecendo, esses brancos ou não negros passam a ser os rostos do que o povo negro criou”, disse à CNN. Foi o vídeo de Louis, usando a nova música de Thee Stallion que se tornou ponto vital para o movimento que pede correção do que tem ocorrido na rede social.
É comum que na internet as pessoas não dêem crédito às pessoas e não achem isso importante, mas é muito importante e ainda mais criadores que têm sido colocados à margem pelos algoritmos das redes sociais. O resultado é que produtores de conteúdo que angariam milhares ou milhões de seguidores plagiando coreografias, conseguem contratos publicitários e visibilidade nos programas de televisão, mas não se propõe a dizer quem são os verdadeiros criadores do que os alçaram à fama.
Procurados pela CNN, o TikTok respondeu que “não seria o que é hoje sem as contribuições dos criadores negros e estamos comprometidos em honrar e celebrar esta comunidade, hoje e todos os dias”,o que soa bem genérico diante das inúmeras reclamações dos usuários.
O que acontece nas redes sociais é só um exemplo do que acontece através da história humana, com brancos se apropriando de cultura, rituais e ganhando fama com isso. O proclamado Rei do Rock, Elvis Presley, fazia covers de músicos negros e imitava o rebolado dos salões de blues, enquanto uma das maiores bandas de rock de todos os tempos, o Led Zepellin,construiu uma carreira plagiando blues antigos. Os cantores de rap com mais visualizações no YouTube brasileiro são brancos e embora Racionais tenham lugar cativo no altar do rap nacional, quem tocou incessantemente em todas as rádios nos anos 90 foi Gabriel O Pensador.
Parece que lucrar em cima da criação de pretos é um talento intrínseco aos brancos. O caso das redes sociais é só uma variação contemporânea de injustiças seculares.