O jovem gastrônomo, Thales Alves, ganhou a internet ao revelar os preços reais de ingredientes de receitas compartilhadas nas redes sociais, chegando a 6 milhões de views em seus vídeos
Entrevista: Raio Gomes / Texto: Isadora Santos
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Sabe aquelas receitas que a gente ama ver na internet, mas não faz ideia de quanto custa? Thales Alves, gastrônomo especialista e consultor, viralizou nas redes sociais ao postar vídeos comentando os custos de cada produto utilizado e sugerindo o preço final do prato com base no quanto custou cada ingrediente.
Em entrevista para nossa editora, Raio Gomes, o gastrônomo compartilhou um pouco da sua história e contou como teve a ideia de reagir aos vídeos de receita mostrando os preços reais.
O trabalho do Thales tem chamado a atenção porque muitas pessoas já caíram naquele papo de “preparei esse prato com apenas 5 reais e 3 ingredientes” quando, na verdade, o custo acaba sendo maior porque mais produtos estão atrelados à receita. “Essa precificação e custos é algo que é da minha convivência e dentro das plataformas digitais a gente vê muitos vídeos fora da realidade. Algumas pessoas falando sobre receitas serem de centavos, alguma receita que é super fácil e super acessível e que na realidade nunca foram e nunca serão”, explica o especialista.
Atualmente, Thales Alves trabalha como chefe executivo e consultor em estabelecimentos de alimentação e bebidas. Ele explica como surgiu a ideia de criar o quadro “Quanto custa, Thales?” em suas redes sociais: “Minha ideia com o “Quanto custa, Thales?” surgiu através de uma necessidade da própria rede. A gente vê que muitos estabelecimentos de alimentação e bebida e até pessoas comuns, pessoas físicas que frequentam esses estabelecimentos, não têm noção de quanto custa cada ingrediente e cada item para que você tenha um estabelecimento e acabam se perdendo em relação aos preços, em relação ao estabelecimento de metas e gasto mensal”.
Alves produz conteúdo para a internet há 4 anos e também trouxe para suas redes temas que fazem parte de sua existência, como raça, gênero e cozinha afetiva, mas afirma que nenhum deles fez tanto sucesso como o quadro que revela os preços dos alimentos. “Tentei emplacar alguns programas, fiz o ‘Trans Cozinha’, fiz alguns quadros falando sobre gênero, sobre racialidade, sobre cozinha, cozinha afetiva e etc. e nada chegou perto desse estouro que foi o Quanto custa, Thales?”, detalhou.
“Eu acho que as pessoas ficam menos perdidas quando elas sabem a precificação. A gente vê alguns canais já colocando preço nessas comidas, mas a grande parte não faz essa precificação. Para mim é algo muito simples. Toda semana eu recebo dos maiores fornecedores de alimentação do meu estado o preço médio e coloco o preço médio da minha região, que é a região do litoral de Santa Catarina”, explica o consultor.
Ele também conta que tem recebido boas respostas do público e que ao revelar os preços percebe o quanto os custos de alimentos e bebidas podem ser muito diferentes em cada região do Brasil. “A gente está recebendo respostas muito boas do público. Recebendo notícias muito boas em relação ao “Quanto custa, Thales?”, com pessoas se identificando e pessoas achando muito absurdo alguns preços e a gente consegue entender o quão gigantesco é o Brasil. A gente tem uma forma continental de ser. Então a gente vê que alguns preços são muito baixos e muito caros em relação ao restante do Brasil e vai se envolvendo com o público”.
Thales Alves confessa ter se surpreendido com o alcance que conquistou nas redes sociais e conta como tem sido lidar com a visibilidade: “Eu fiquei muito surpreso depois que os vídeos estouraram. Nos últimos sete dias eu tive em média 6 milhões de views se a gente juntar todos os vídeos que eu tenho em relação ao “Quanto custa, Thales?” e foi uma coisa absurda. Nunca imaginei que chegaria a esse nível. É muito difícil ver gente preta alcançando grandes patamares”. Sobre as dificuldades de produzir conteúdo para a internet, ainda complementa: “A dificuldade é de conseguir filtrar um pouquinho. As pessoas se sentem um pouco confortáveis para fazerem comentários bem maldosos em relação a muitas coisas. Comentários racistas, comentários homofóbicos já rolaram, mas eu sempre excluo ou tento deixar passar de uma forma um pouco mais tranquila. Existem os frutos bons e os frutos ruins em qualquer lugar”, finaliza.