Aclamado mundialmente, o Balé Folclórico da Bahia acaba de anunciar sua primeira turnê nacional via lei de incentivo fiscal, em meio às comemorações pelos seus 37 anos de existência. O espetáculo “O Balé Que Você Não Vê” estreia no dia 22 de agosto, no Rio de Janeiro, e, posteriormente, seguirá para São Paulo (SP), Campinas (SP), Franca (SP), Goiânia (GO), Florianópolis (SC), Porto Alegre (RS) e Novo Hamburgo (RS).
O lançamento da turnê, realizado no Palacete Tira-Chapéu, em Salvador, nesta semana, contou com a participação de toda a equipe e elenco, incluindo Walson (Vavá) Botelho, fundador e diretor-geral da companhia de dança, e José Carlos Arandiba, mais conhecido como Zebrinha, diretor artístico desde 1993.
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Considerada, em 1994, a melhor companhia de dança folclórica do mundo pela Associação Mundial de Críticos, Zebrinha enxerga o Balé Folclórico da Bahia como um verdadeiro embaixador cultural do país.
“Eu sou do tempo em que a cultura brasileira era apresentada lá fora com as mulheres ‘morenas’, de bíquini, sambando… e o Balé Folclórico da Bahia invade o mundo com uma diversidade de corpos que não eram aqueles corpos que o mundo estava acostumado a ver. Eles ficaram surpresos, porque o que nós levámos para eles não era venda de corpos sexuais, nem uns homens cheios de óleo. O que nós levámos para o mundo foi a cultura afro-brasileira e a cultura genuína do Nordeste”, destacou Zebrinha em entrevista ao Mundo Negro, durante o lançamento da turnê.
Ao longo desses 37 anos de história, o Balé Folclórico da Bahia foi responsável pela formação artística de cerca de 900 pessoas. Além da imersão em dança, música, capoeira, canto e teatro, os bailarinos recebem preparação em dança clássica, moderna e contemporânea, evidenciando a amplitude de sua formação.
“Nós funcionamos como se fôssemos uma biblioteca, um preservador da cultura latina e da cultura afro-brasileira. O que nos interessa é formar esses jovens, meninos e meninas, mais novos e mais velhos, que chegam até a gente”, completa.
Criada em 2022, a montagem desta apresentação cravou o retorno do Balé Folclórico da Bahia aos palcos após o período da pandemia. O conjunto de dança afro-baiana apresentará três coreografias concebidas especialmente para esta produção, criadas por ex-dançarinos da companhia: Bolero, de Carlos Durval; Okan, de Nildinha Fonseca; e 2-3-8, de Slim Mello, além de exibir o repertório clássico do grupo, com Afixirê, uma coreografia de Rosângela Silvestre reconhecida internacionalmente.
Zebrinha destaca que, além do reconhecimento artístico dos dançarinos, muitos ex-integrantes da companhia seguiram outras carreiras e, atualmente, há ex-membros que trabalham na ONU, na Apple, atuam como produtores, entre outras áreas.
“Como seriam esses artistas e dançarinos pretos no mercado de trabalho se todas essas companhias de dança moderna e clássica não assumissem essas pessoas? A maioria dos nossos ensaios tem que sair do Brasil para conseguir sobreviver. ”, lamenta Zebrinha ao destacar um cenário de desigualdade social e racial dentro das companhias de dança no Brasil.
A dança folclórica quebrando barreiras
O premiado Balé, que completa 37 anos em agosto, já se apresentou em mais de trezentas cidades e trinta países, incluindo Estados Unidos, Itália, Inglaterra, Bélgica, Canadá, Dinamarca, Nova Zelândia, Austrália, Alemanha, França, Holanda, Suíça, México, Chile, Colômbia, Finlândia, Suécia, África do Sul, Benim, entre outros.
Recentemente, no dia 20 de maio, o grupo foi homenageado com a Ordem do Mérito Cultural, concedida pela Presidência da República e pelo Ministério da Cultura. Em 2013, a prefeitura de Atlanta (EUA) declarou o dia 1º de novembro como o Dia do Balé Folclórico da Bahia, e, no mesmo ano, o grupo teve uma rua nomeada em sua homenagem na cidade de Aného, no Togo.
“A gente, que tem um trabalho muito específico em relação ao que a gente faz com a cultura popular, tem um trabalho muito maior para transformar essa cultura que só pelo fato do nome ‘folclore’ já é desvalorizada, a gente teve muita dificuldade para entrar no mercado internacional também, porque não é só no Brasil que tem o preconceito. Mas a gente enfrentou essa barreira, foi assim que a gente conseguiu chegar onde a gente chegou”, celebrou Vavá durante sua fala no lançamento da turnê.
Ele também destacou a importância do diretor artístico para o reconhecimento internacional do BFB. “Zebrinha trouxe profissionalismo, esse trabalho técnico, apuradíssimo, depois de mais de 20 anos, dançando como o primeiro bailarino das maiores companhias da Europa e dos Estados Unidos, que resolveu voltar para o Brasil, se encantou pelo Balé Folclórico na Bahia”.
A realização desta turnê conta com o patrocínio master do will bank por meio do estímulo da Lei Federal de Incentivo à Cultura – Lei Rouanet e Ministério da Cultura.
Programação da turnê “O Balé Que Você Não Vê”
Rio de Janeiro – 22 e 23 de agosto
Campinas (SP) – 25 e 26 de setembro
São Paulo – 28 de setembro
Franca (SP) – 1° de outubro
Florianópolis – 17 de outubro
Goiânia – 22 de outubro
Porto Alegre – 28 de outubro
Novo Hamburgo (RS) – 30 de outubro
Para mais informações, acompanhe o Instagram: @bfdabahia
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