A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) ganha espaço público nas mídias e redes sociais no próximo 26 de abril, Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial, motivo pelo qual a Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (SOBRAC) reuniu as principais dúvidas da população em torno desta doença que apresenta consequências importantes e até fatais.
“Considerado um problema de saúde pública, no Brasil, 36 milhões (32,5%) de indivíduos adultos são hipertensos. Mais de 60% dos casos ocorrem entre idosos, o que contribui direta ou indiretamente para 50% das mortes por doença cardiovascular (¹). Quem tem pressão alta pode sofrer não somente alterações na função do coração como também uma arritmia cardíaca e, por isso, níveis acima de 14/9 merecemacompanhamento médico”, explica a cardiologista Denise Tessariol Hachul, Presidente da SOBRAC.
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Na maioria dos casos, os pacientes são assintomáticos. Vale lembrar que 80-90% das mortes súbitas cardíacas (MSC) são decorrentes de algum tipo de arritmia cardíaca.
“Em grande parte, a pressão arterial alta é do tipo primária, ou seja, geneticamente determinada, e os pacientes são sensíveis ao excesso de ingestão de sal. Mas a hipertensão também pode ser secundária, em decorrência de doenças renais, entre outras. Conhecer a sua origem é fundamental para a adoção de medidas preventivas e de introdução do tratamento adequado”, completa a cardiologista da SOBRAC.
14 Perguntas e Respostas sobre Hipertensão Arterial:
1 – O que é Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS)?
A hipertensão é caracterizada por elevação sustentada dos níveis de pressão arterial, acima de 140×90 mmHg (milímetro de mercúrio), popularmente conhecida como 14/9 – o primeiro número se refere à pressão máxima ou sistólica, que corresponde à contração do coração; o segundo, à pressão do movimento de diástole, quando o coração relaxa.
Embora a HAS primária não tenha cura, pode ser controlada com medicamentos e algumas mudanças no estilo de vida do paciente. Já a HAS secundária pode ser curável, dependendo da causa.
2- Quais os tipos de Hipertensão?
Pode ser primária ou secundária. A HAS primária (95% dos casos) geralmente se desenvolve ao longo dos anos e, por isso, é considerada uma doença silenciosa e perigosa. A secundária é quando existem algumas condições preexistentes, como doenças dos rins, suprarrenais, tireoide, entre outras.
3 – Como diagnosticar a doença?
A Hipertensão é diagnosticada pela aferição da pressão arterial, que deve ser realizada por um médico e/ou outros profissionais da saúde capacitados. É imprescindível a utilização de técnicas adequadas, equipamentos “calibrados” e validados. No consultório, o médico inicia a avaliação fazendo a anamnese, ou seja, averiguando a história médica pessoal e familiar do paciente e um exame físico. Podem ser necessários exames laboratoriais e outros exames subsidiários.
4 – Quais os sintomas da HAS?
A Hipertensão pode ser assintomática, mas há casos de pacientes que apresentam dor ou pressão na cabeça, especialmente na nuca, sangramento nasal, cansaço excessivo aos esforços, tonturas, fadiga e inquietação, sintomas que podem ser confundidos com ansiedade.
5 – A Hipertensão atinge somente idosos?
Embora seja mais prevalente nesta faixa etária, a doença pode acometer qualquer pessoa, de qualquer idade. Há uma associação direta entre envelhecimento e HAS, em que estudos já realizados no Brasil indicam uma prevalência de, aproximadamente, 70% em indivíduos acima de 60 anos.
6 – O que pode causar a Hipertensão?
Hereditariedade, envelhecimento, obesidade, excesso de consumo de sal em pessoas sensíveis e estresse são as causas mais comuns. Tabagismo, consumo exagerado de bebida alcoólica e sedentarismo são situações comumente relacionadas à HAS.
Também pode causar hipertensão doenças renais, hipertireoidismo, uso excessivo de anti-inflamatórios não-hormonais, cortiço-esteroide e alguns tipos de anticoncepcionais podem causar hipertensão secundaria.
7 – Quais outros fatores que devem ser considerados?
Fatores psicossociais, econômicos, educacionais, são condições que contribuem para a hipertensão. Sono inadequado causado por estresse e apneia do sono são importantes fatores associados à HAS.
8 – A HAS é mais prevalente em homens ou mulheres?
Geralmente nas mulheres. Entre os homens é mais prevalente até 50 anos de idade. A partir desta faixa etária ocorre uma inversão, atingindo até 60% de mulheres após os 75 anos de idade. Após a menopausa, as mulheres têm uma prevalência de hipertensão igual ou superior à dos homens, porem com maior gravidade.
9– Algumas etnias são mais propensas à Hipertensão?
Sim. Estudos apontam que na raça negra a hipertensão é 24,2% maior comparada a adultos pardos (20,0%) e nos brancos (22,1%). Numa comparação entre todas as demais etnias, a doença atinge 11,1% da população indígena; 10% da amarela; 26,3% da parda/mulata; 29,4% da branca e 34,8% da negra (²).
10 – A alimentação pode desencadear pressão alta?
Especificamente, a ingestão de sal é um dos principais fatores de risco para a hipertensão, doenças cardiovasculares e renais em indivíduos predispostos. No Brasil, dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), obtidos em 55.970 domicílios, mostraram disponibilidade domiciliar de 4,7g de sódio/pessoa/dia (ajustado para consumo de 2.000 Kcal), excedendo em mais de duas vezes o consumo máximo recomendado (2 g/dia) (³).
11 – O açúcar é prejudicial no controle da Pressão Arterial?
Tal como o sal, o açúcar em excesso é bastante prejudicial para os hipertensos, pois favorece a obesidade e resistência à insulina, principais mecanismos do desenvolvimento da hipertensão em pacientes com Síndrome Metabólica.
12- A ingestão de bebida alcoólica favorece ao desenvolvimento da HAS?
Sim. O consumo exagerado de bebidas alcoólicas está relacionado ao aumento pressão arterial de forma consistente.
13- Qual é o papel da atividade física no controle ou combate à HAS?
A atividade física tem papel importante para o melhor funcionamento do organismo como um todo, promovendo uma melhora metabólica com a queima calórica, de gordura e todos os demais excessos provocados pela má alimentação e sedentarismo.
14 -Qual o tratamento da HAS?
A hipertensão pode ser controlada com medidas multiprofissionais, que contemplem medicações especificas e mudanças de hábitos alimentares, além de atividade física.
O diagnóstico preciso e o melhor método de tratamento devem ser orientados por um clínico ou cardiologista. É importante que o paciente siga as recomendações médicas, não se automedique, nem interrompa o uso de medicamentos recomendados para o controle da doença.
Se não tratada, a doença diminui em até 40% a expectativa de vida quando comparado a um indivíduo sadio. Quando negligenciada, a HAS pode ser fator desencadeante de insuficiência renal, acidente vascular cerebral hemorrágico (AVCH), dilatações da artéria aorta, dilatações do coração, arritmias, complicações oculares (perda da visão), impotência sexual, entre outras doenças.
(*) Dra. Denise Tessariol Hachul
Presidente da Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (SOBRAC). Graduada em Medicina pela Escola Paulista de Medicina (FMUSP), com residência de clínica médica no Hospital São Paulo e em cardiologia no Instituto do Coração – HC – FMUSP. Especialista em arritmia pela Unidade Clínica de Arritmia e Marca-passo do Incor – FMUSP. Como médica assistente da unidade, desenvolveu a Unidade de Síncope e o Laboratório de Avaliação Autonômica. Completou doutorado pela FMUSP, em 1998. Atualmente é médica coordenadora da Unidade de Síncope do Instituto do Coração do HC-FMUSP e do Hospital Sírio Libanês. Atua principalmente nos seguintes temas: Síncope, Disautonomia e Arritmia Clínica.