Concordamos que a democracia racial nunca existiu, certo? Agora temos que ter olhos atentos e deixar o cinismo de lado com algumas lemas que viralizam nas redes sociais, tentando vender uma imagem de unidade e compaixão coletiva, que não correspondem à realidade, como por exemplo, a frase de impacto pós-eleição do Presidente Bolsonaro: Ninguém solta mão de ninguém.
A cena de terror envolvendo o assassinato de Pedro Gonzaga, nessa última quinta-feira, 14, dentro do Supermercado Extra no Rio de Janeiro, foi um dos assuntos mais falados nas redes sociais, porém a repercussão foi muito menor do que o caso do cão morto no Carrefour em dezembro do ano passado.
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Ativista fervoroso e um dos influenciadores negros mais respeitados da Internet, AD Junior, não poupou críticas à comoção seletiva, e usou suas redes sociais para comparar o caso de Pedro com o do cão, ambos mortos dentro de lojas grandes redes de supermercados.
Conversei com ele sobre o assunto. Ele, além de Xuxa e Ana Hickmann, cita Luisa Mel, que defende animais fervorosamente, mas não se posiciona em casos como o de Pedro.
“O Brasil sente pena só de um grupo. Veja no caso da boate Kiss que é lembrado até hoje porque eram meninos brancos, universitários vistos como o futuro meritocrático do nosso país. Em momento algum aquela fatalidade, que eu realmente sinto por aquelas famílias, foi esquecida e o Fantástico ano após ano relembra o caso. Tempos depois, aqueles meninos pretos que levaram 119 tiros em Costa Barros , não tiveram nenhuma homenagem ou reportagem de 10, 15 minutos”, compara AD.
Ele ainda destaca o genocídio negro que acontece à luz do dia, mas o Brasil finge não saber da gravidade. “Quando a gente fala que não não se importa com alguém, significa que essa pessoa não vai fazer falta. Esse é um plano de extermínio que qualquer estrangeiro que chega no Brasil, reconhece automaticamente que tipo de sociedade que estamos vivendo.”
“A gente fala de ordem e progresso e a única coisa que a gente está falando é o seguinte: ordem para pretos e pobres e progresso para os brancos meritocráticos”, finaliza o comunicador.