Mundo Negro

“Só demonstrar preocupação com a causa, não resolve”, diz publicitário Ricardo Silvestre sobre marcas brasileiras

O publicitário e fundador da Black Influence , Ricardo Silvestre - Foto: Bruno Gomes

Quem aqui se lembra das ocupações de perfis nas redes de celebridades brancas por pessoas negras, do “Black Out Tuesday” e Facebook, Instagram e Twitter mudando seus logos para cor preta? O assassinato de George Floyd que completa um ano nesse 25 de maio, fez da Internet um palco de protesto e revolução e as marcas não tiveram como fazer vista grossa a essa conversa.

A agência Black Influence do publicitário Ricardo Silvestre, nasceu um pouco antes desse do ano que mudaria a história da comunidade negra e como sua empresa trabalha com um casting de pessoas pretas e periféricas, ele pode sentir, literalmente na pele, os impactos midiáticos de um novo momento da discussão sobre a importância da vida das pessoas negras.

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“Não sei se a publicidade se tornou mais consciente, mas posso afirmar que notamos uma maior preocupação por parte das marcas principalmente no que se refere à movimento negro e comunidade negra brasileira”, detalha o publicitário.   Para ele a morte de Floyd trouxe à tona um tema que é muito sensível “que é visto muitas vezes como um tabu por muitas pessoas e por muitas marcas”.  Silvestre acredita que os olhos do mundo para as questões sobre violência contra a comunidade negra fizeram com “que as marcas ampliassem seus esforços para demonstrar um maior engajamento pelo tema e mostrar que de fato é algo relevante para elas”.

Ricardo destaca a importância de ações que incluam, além da discussão de temas sociais sensíveis, a contratação e remuneração honesta de pessoas negras. “Só demonstrar preocupação com a causa não irá resolver o problema que notamos nas dinâmicas de contratação de influenciadores negros, por exemplo. Acho que esse ocorrido deve trazer toda a necessidade de se repensar a forma como influenciadores negros e não negros são contratados e remunerados de maneiras tão discrepante e diferente infelizmente”, reflete Silvestre.

“Essa revolução, entre aspas, que a morte de Floyd causou não pode ser adormecida, ela precisa resistir.  Essas grandes marcas precisam entender também o seu papel fundamental nessa transformação da sociedade. Um ano da morte de Floyd o que mudou? Aqui no Brasil nós conseguimos algo positivo desde esse episódio?  São esses questionamentos que a gente sempre faz no dia a dia e geralmente a resposta é não. Nada mudou, infelizmente”, finalizada Ricardo.

Foto: Bruno Gomes

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