Mundo Negro

Seis anos depois, julgamento dos acusados no caso Marielle e Anderson começa no Rio

Foto: Reprodução

No início da manhã desta quarta-feira (30), teve início o julgamento dos ex-policiais Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, confessos no assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Realizado no 4º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro, o julgamento ocorre mais de seis anos após o atentado, com os réus acompanhando as sessões por videoconferência a partir da prisão onde estão detidos.

O primeiro depoimento foi de Fernanda Chaves, assessora de Marielle e sobrevivente do ataque. Ela descreveu o momento dos disparos, destacando o choque inicial e o impacto duradouro do evento. Emocionada, Chaves relembrou como precisou deixar o país após o ataque, enfrentando anos de insegurança e readaptação. “Eu estava ensanguentada, muito suja de sangue. E comecei a gritar por socorro, pedir ajuda, por uma ambulância”, detalhou.

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O segundo depoimento foi de Marinete Silva, mãe de Marielle. Marinete abordou a trajetória da filha, desde o envolvimento com causas sociais até o início da carreira política, destacando o vazio deixado por sua ausência. Ela mencionou ainda seu próprio receio inicial em relação ao cargo público de Marielle, motivado pelas crescentes ameaças e pressões. Em suas palavras, a candidatura de Marielle era um ponto de preocupação, mas ela destacou o comprometimento e o amor que a filha tinha pelo seu trabalho.

A terceira testemunha, Mônica Benício, viúva de Marielle, também emocionou o tribunal. Benício relembrou o compromisso de Marielle com os direitos das minorias e seu crescimento na política. Descreveu ainda o impacto pessoal e profissional da perda, destacando o último encontro entre elas. “Eu lembro do último segundo que vi a minha esposa com vida. E ela disse: ‘Eu te amo’”, revelou.

Este julgamento deve durar ao menos dois dias e conta com o depoimento de nove testemunhas, que auxiliarão na análise das acusações de duplo homicídio qualificado e tentativa de homicídio. Se condenados, os réus poderão enfrentar penas de até 84 anos cada. Em paralelo, o Supremo Tribunal Federal mantém o processo contra outros suspeitos de envolvimento, incluindo figuras como Domingos Brazão e Rivaldo Barbosa.

Entenda o caso

O assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes ocorreu em 14 de março de 2018, quando o carro em que estavam foi alvejado a tiros no bairro do Estácio, no Rio de Janeiro. Marielle, vereadora e ativista de direitos humanos, e Anderson, seu motorista, foram mortos em uma emboscada planejada, que gerou indignação nacional e internacional, impulsionando uma investigação ampla e complexa. O crime foi visto como um ataque não apenas à figura de Marielle, mas também aos valores que ela representava na luta contra a violência institucional e pelo empoderamento das minorias.

Após meses de investigação, os ex-policiais Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz foram apontados como executores do crime. Segundo a acusação, Lessa teria sido o autor dos disparos, enquanto Queiroz dirigia o veículo usado na emboscada. A investigação foi marcada pela análise de imagens de segurança, interceptações telefônicas e quebra de sigilo bancário, além de indícios que revelaram ligações dos acusados com redes de milícia. Apesar da prisão e do julgamento atual dos dois executores, as suspeitas sobre os mandantes do crime ainda pairam, levando o processo a instâncias superiores.

O Supremo Tribunal Federal (STF) mantém ativo um processo paralelo que investiga figuras de destaque suspeitas de serem os mandantes do crime, como o ex-conselheiro do Tribunal de Contas Domingos Brazão e o deputado federal Chiquinho Brazão, além do delegado Rivaldo Barbosa. Esses suspeitos respondem pelo crime devido ao foro privilegiado, e a suspeita é de que o assassinato tenha sido encomendado para calar Marielle em função de seu trabalho político. Se condenados, os envolvidos, incluindo Lessa e Queiroz, podem enfrentar penas que somam até 84 anos de prisão cada, pelos crimes de duplo homicídio triplamente qualificado e tentativa de homicídio.

Caso sejam condenados, Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz poderão enfrentar penas de até 84 anos de prisão cada um, devido às acusações de duplo homicídio triplamente qualificado e tentativa de homicídio. O julgamento avalia a responsabilidade direta dos ex-policiais na execução, enquanto o processo paralelo no STF, que investiga os supostos mandantes como Domingos Brazão e o delegado Rivaldo Barbosa, também pode resultar em penas semelhantes.

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