Mundo Negro

Salvador institui o Dia da Pessoa Trancista em reconhecimento ao trabalho de profissionais da área

Foto: Freepik

Salvador deu um passo significativo para valorização do trabalho de trancistas ao instituir o Dia da Pessoa Trancista. A lei, sancionada pelo prefeito Bruno Reis (União) e publicada no Diário Oficial da última segunda-feira (5), reconhece e celebra a importância de profissionais trancistas, além de reconhecer a prática que é um símbolo de identidade e estética para a população negra.

O projeto de lei que instituiu o Dia da Pessoa Trancista foi proposto pelo vereador Gordinho da Favela (PP), a partir de mobilizações lideradas pela trancista Michele Reis, criadora do Fala Trancista, que se uniu a outros profissionais, entre eles os trancistas Luck Lima do Stúdio Cereja Nagô, Gabriela dona do Stúdio Gabi Arttes e Stephanie Maria do Stúdio Dedo de Agulha, que oficializaram o pedido em reunião com o parlamentar no mês de março.

Notícias Relacionadas


O Dia da Pessoa Trancista tem como objetivo valorizar o trabalho desses profissionais, que desempenham um papel essencial na preservação da cultura afro-brasileira e na promoção da autoestima da população negra. A data escolhida, 6 de junho, será um momento de celebração e reflexão sobre a história e a importância das tranças como expressão cultural.

“Estou extremamente feliz com essa conquista para todas as trancistas de Salvador e é um reconhecimento grandioso! Ter uma data especialmente para comemorar nossa profissão, nossa luta, é um sim para muitas mulheres e homens principalmente negros, que são responsáveis pelo sustento da sua família através das Tranças Africanas”, destacou Michele.

A trancista também agradeceu o apoio do vereador e pontuou que mais conquistas devem ser alcançadas: “Que tudo isso seja só a pontinha do iceberg de tantas conquistas que teremos para nossa categoria. Obrigada por acreditar na importância disso e levar o projeto de lei à frente. Vamos juntos fazer as mudanças necessárias para que a sociedade enxergue a pessoa Trancista como profissional e conheçam ainda mais essa profissão tão antiga que carrega uma herança dos nossos antepassados!”, disse.

O dia 6 de junho é a data em que nasceu Idalice Bastos, “Uma das precursoras das técnicas afro – no quesito beleza”, de acordo com Michele. Em seu Instagram, ela comemorou a instituição da data e compartilhou um pouco da história  de Dai. “No Rio, nos anos 70, a cabeleireira Dai Bastos vendeu tudo que tinha – carro, apartamento mais salão de beleza – para passar o aprendizado adiante. Trocando Copacabana por um casarão antigo da Lapa, ela criou o Espaço de Estética e Cultura AfroDai, uma ONG onde jovens entre 14 e 21 anos – geralmente pobres e muitas já com filhos – têm cursos de maquiagem, depilação, manicure e penteado junto com palestras sobre cidadania e saúde”. 

Na publicação, ela ressaltou que “Tranças africanas contam histórias, herdamos dos nossos antepassados e temos a obrigação e responsabilidade de buscar cada vez mais Respeito e o protagonismo”.

Apesar da prática ancestral, somente em 2009 o Ministério do Trabalho reconheceu a profissão de cabeleireiro étnico e trancista, proporcionando uma maior valorização desses profissionais. Agora, com a instituição do Dia da Pessoa Trancista em Salvador, a cidade reafirma seu compromisso em fortalecer a cultura negra, combater o racismo e valorizar os saberes tradicionais transmitidos de geração em geração.

Notícias Recentes

Participe de nosso grupo no Telegram

Receba notícias quentinhas do site pelo nosso Telegram, clique no
botão abaixo para acessar as novidades.

Comments

Sair da versão mobile