Mundo Negro

Representatividade negra e trans: A série “Pose” deve ser assistida por todos

Foto: Reprodução/Netflix

Pose é uma série dramática norte-americana, que estreou em 3 de junho de  2018 na FX, a série fala sobre o cenário LGBTQIA+  negro na cidade de Nova Iorque.  A sua popularidade no Brasil se deu após estrear na Netflix em 28 de setembro de 2019. Logo no mês de estreia a série se tornou patrimônio cultural da comunidade LGBTQIA+ brasileira e norte-americana.

Embora tenha sido muito premiada e muito contemplada em diversos países, a série ainda não tem a atenção merecida, por isso, nós reunimos 4 motivos para você começar a assistir Pose na Netflix:

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UM MARCO NA CULTURA POP:

Além da predominância negra, Pose entrou para a história por ter o maior número de pessoas trans trabalhando na série, são mais de 50 pessoas, na frente e atrás das câmeras, envolvidas na produção e preparação de elenco. Isso é inédito, uma vez que as oportunidades de trabalhos para pessoas trans é inexistente o que leva grande parte da comunidade à prostituição por falta de uma única oportunidade.

ATUAÇÕES DE TIRAR O FÔLEGO:

No que diz respeito a atuação, você estará bem servido, o elenco é magnífico, de uma compreensão artística absurda, você terá a oportunidade de ver,  Dominique Jackson, MJ Rodrigues, Angelica Ross,  Indya Moore dentre  outras dando um show de atuação, além do maravilhoso Billy Porter que se tornou o primeiro homem assumidamente gay a ganhar um prêmio Emmy na categoria ‘’ melhor ator em série dramática’’ em 2018.

 REPRESENTATIVIDADE NEGRA E TRANS:

Nem todas as pessoas negras/trans que estão na televisão é uma representatividade negra/trans. Quando falamos em pessoas trans na televisão, a experiência é quase nula, afinal, o que acontece na grande maioria dos casos são atores cisgêneros encarnando a personagem travesti e tirando a oportunidade de atrizes travestis, além disso não ser uma representatividade, chamamos de ‘’transfake’’, o ato de atores cisgêneros interpretar papel de pessoas trans/travestis.

Quando falamos de pessoas negras na televisão, a experiência é quase dolorosa, só vamos ter uma grande quantidade de pessoas negras contratadas quando o enredo envolver escravidão. Pose fala de dor mas também de muitas alegrias, de beleza, encontro, arte, estilo. O racismo e a transfobia pode unir esses corpos, mas existe diversidade nas narrativas, Angel (Indya Moore)  é uma personagem que sonha em ser uma grande modelo, Blanca (MJ Rodrigues) está por enfrentar um dos maiores vírus de todos os tempos enquanto ajuda seus filhos a trilhar o caminho, somos múltiplas, nos definir em uma única narrativa é colaborar com a nossa desumanização.

NECESSÁRIA PARA TODAS AS PESSOAS  CISGÊNERAS:

Todas as pessoas cisgêneras deveriam assistir Pose, pois a ideia é humanizar as nossas narrativas, pessoas cis-aliadas na tentativa de apoiar nossas vidas acabam caindo em um grande erro que é a cristalização – não vou discordar porquê ela é travesti, mesmo quando o assunto não diz respeito a questão de gênero. Isso é um problema e acaba construindo aquele imaginário colonizador da travesti ‘agressiva’ ‘mal-educada’ a cristalização de qualquer corpo nunca é legal, é a mesma coisa de ser ‘café com leite’ na brincadeira de pega. Pose mostra pessoas trans, acertando, errando, fazendo piadas de mal gosto, o nosso pior e o nosso melhor, pois o ser humano é assim. É recomendado para pessoas cisgêneras, pois a ótica dessas pessoas sobre o nosso corpo poderá mudar, pois, elas irão enxergar a humanidade e a fortaleza que existe em nós.

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