A idealizadora e articuladora política da Frente Nacional de Mulheres no Funk, Renatta Prado, manifestou publicamente sua indignação com empresários e artistas de funk que possuem grande influência midiática e têm incentivado seus seguidores a não se envolverem com questões políticas. Em um vídeo publicado nas redes sociais, Renatta destacou a contradição dessas personalidades de grande sucesso financeiro que criticam a política, mas posam ao lado de candidatos, especialmente os ligados à direita paulistana, durante a campanha para as eleições municipais, iniciada na última sexta-feira, 16.
“Agora eu vou dar um papo de visão não menos importante, principalmente para os MCs de funk rico, que tá montado no dinheiro e que sai por aí falando que política é zoado, que não apoia nenhum político porque todo político é corrupto, todo político é bandido. Tem corrupção na política, sim. A gente sabe disso. Mas eu acho maior hipocrisia os caras ficarem julgando coisa errada da política, sendo que eles é tudo enfiado nessas produtoras que os caras fazem um monte de m***”, afirmou Renatta.
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Ela também chamou a atenção para o privilégio dos artistas que têm acesso a boas escolas e serviços privados, e que incentivam seu público a não se engajar politicamente: “Vocês MCs ricos que estão sentados no placo [sic], vocês realmente não tem que se importar com política, sabe por quê? Porque vocês pagam a melhor escola pro filho de vocês, seus filhos não estudam em escola pública, seus filhos não andam de transporte público. É muito fácil se excluir da responsabilidade de formar os seus quando você está sentado em um monte de dinheiro no alto do seu privilégio. E eu acho a maior hipocrisia esses artistas de funk falarem que se preocupam com a quebrada, sendo que eles mesmos incentivam o jogo de tigrinho. O mano que está jogando o tigrinho, sabe por que ele está jogando o tigrinho? Porque a política pública não chegou para ele. E sabe como a gente faz a política pública chegar nele? Votando direito. E sabe como a gente faz para votar direito? Se conscientizando politicamente”, reforçou.
A polêmica ganhou força após empresários donos de produtoras de funk conhecidas declararem apoio a candidatos ligados a partidos de direita, que costumam criticar o movimento funk. Tal apoio gerou um debate acalorado dentro e fora da cena do funk, já que muitos consideram que esses políticos não representam os interesses das periferias, onde o movimento surgiu e se consolidou.
Outro nome conhecido do funk paulista, MC Hariel, reforçou as críticas questionando o uso político do funk durante as eleições: “Sou funkeiro com muito orgulho. Amo esse movimento que mudou a minha vida, mas não compactuo e fico triste em ver esse tipo de pessoa tendo abertura tão fácil no nosso movimento”, escreveu nas redes sociais.