Aijalon Berto se referiu a orixás representados em viaduto de Recife como “entidades malignas” e “espíritos das trevas”
A Rede de Articulação da Caminhada dos Terreiros de Pernambuco, liderada pela Iyalorixá Elza de Iemanjá, ingressou, nesta quinta-feira (29), com notificação extrajudicial contra o Facebook exigindo a remoção de um vídeo racista publicado em um perfil do instagram, do pastor evangélico Aijalon Berto.
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No vídeo, o pastor comenta pinturas e painéis retratando Orixás no túnel da Abolição, em Recife, se referindo ao espaço como um “portal demoníaco”. O espaço contra com obras dos grafiteiros Adelson Boris, Nathê Ferreira e Emerson Crazy, que pintaram 550 metros nos dois lados do túnel, representando imagens dos orixás e elementos da natureza. “Na verdade, eu preciso revelar para vocês que esse painel é, nada mais nada menos, do que uma reverências a entidades malignas, satânicas, espíritos das trevas”, ataca o pastor.
Segundo Hédio Silva Jr., advogado da Rede e Coordenador-Executivo do Idafro, “a narrativa escapa flagrantemente ao proselitismo religioso, degenerando para o discurso de ódio religioso, que induz os receptores a responsabilizarem as religiões afro-brasileiras por todos os males e mazelas individuais e sociais.”
Além da notificação para o Facebook, o advogado ingressará com representação criminal contra o pastor por crime de racismo religioso.
HISTÓRICO – Aijalon responde a outras acusações de intolerância religiosa, racismo e transfobia. Uma delas contra a coordenadora cultural das religiões de matrizes africanas e indígenas, na Prefeitura de Igarassu, região metropolitana do Recife. Outro caso recente envolvendo o pastor é o do ator e dançarino Joel Carlos Francisco, de 42 anos, que foi chamado de “feiticeiro” por Aijalon ao comentar um vídeo institucional que pedia precaução durante o carnaval por causa da pandemia.