Mundo Negro

‘Racismo custa caro para os negócios’, CEO do MOVER ressalta impacto econômico da discriminação

Foto: Divulgação

O Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial, celebrado nesta sexta-feira (21), tem um significado ainda mais importante considerando a onda racista e conservadora que tem influenciado empresas a reverter programas que promovem a diversidade: “No Brasil, há um potencial significativo para liderar políticas inclusivas devido a fatores sociodemográficos, políticos, históricos e jurídicos favoráveis”, destacou Natália Paiva, diretora-executiva do MOVER (Movimento pela Equidade Racial), durante entrevista para o Mundo Negro.

Para a executiva, a diversidade e inclusão são importantes para além do ponto de vista moral, trazendo retornos financeiros positivos para os negócios: “Há cada vez mais evidência sobre o impacto positivo de times diversos em vetores como inovação e performance. Além disso, do ponto de vista de cultura, colaboradores valorizam cada vez mais ambientes diversos, inclusivos e plurais – principalmente os das novas gerações. Consumidores e clientes estão cada vez mais escrutinizando as práticas de diversidade das empresas – em muitos casos, exigindo padrões mínimos para a contratação de serviços –, colocando pressão sobre o negócio”, explica.

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“Racismo custa caro para os negócios, e lideranças e empresas que percebem isso certamente estão mais bem preparadas para o sucesso”, pontua Natália Paiva. Ela também lembra que: “empresas que não adotam políticas de diversidade, equidade e inclusão correm o risco de se desconectar de uma parcela significativa do mercado e da sociedade, especialmente no Brasil, onde a população preta e parda representa 56%”.

O movimento, que atua para conscientizar e fomentar o desenvolvimento de carreira e negócio de pessoas negras, afirma ter apoiado a geração de mais de 2.000 cargos de liderança para profissionais negros apenas em 2024. Mesmo com bons resultados, o esforço de promover equidade racial no mercado de trabalho, sobretudo nos cargos de liderança, ainda é um desafio.

No ano passado, a pesquisa “Lideranças em construção: por que a trajetória de profissionais negros é tão solitária?”, realizado pela Indique uma Preta, consultoria especializada em Diversidade & Inclusão, e a Cloo, empresa de investigação e consultoria comportamental, mostrou que pessoas negras ocupam apenas 8% dos cargos de liderança.

Natália explica que alguns mitos sobre diversidade ainda impedem empresas de investir no tema. “O primeiro é de que se trata de algo simples, que pode ser tocado de maneira informal ou, quando há time dedicado, que se trata de uma obrigação apenas deste, em geral subdimensionado e com orçamento insuficiente. Pelo contrário, para colher resultados concretos é necessário o comprometimento das lideranças, uma correta alocação de recursos e o estabelecimento de planos e metas com responsabilidade compartilhada. Acima de tudo, é preciso reconhecer que esta é uma agenda complexa, que precisa ser transversal e multifuncional”.

Além disso, a executiva relembra que além do impacto social, a diversidade é “um vetor relevante para a sustentabilidade da organização e para o sucesso dos negócios”. “Outro mito relevante é de que não há talentos negros qualificados para posições de liderança. Sim, é crucial investir na capacitação e na formação de pessoas negras para superar as disparidades socioeducacionais históricas. Porém, há muitos talentos negros que seguem invisibilizados e subrepresentados no mercado de recrutamento, que depende excessivamente de redes de contatos. Precisamos diversificar também as fontes de busca, além de monitorar vieses e repensar nossos conceitos de liderança”.

“No Brasil, há um potencial significativo para liderar políticas inclusivas devido a fatores sociodemográficos, políticos, históricos e jurídicos favoráveis. O MOVER trabalha para garantir que a equidade racial continue no centro das decisões corporativas. Além disso, reforça a importância da consistência nas políticas de diversidade, garantindo que elas sejam vistas como estratégicas para inovação e competitividade, e não apenas como respostas a tendências globais”, finaliza.

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