A poucos metros da Faculdade Zumbi dos Palmares, no bairro do Bom Retiro, está localizada a Rua Jorge Velho, ponto de passagem de alunos da instituição. O que muita gente não sabe é que essa rua esconde a história de um genocida, assassino de negros, negras e povos originários, tornando essa menção um desrespeito e insulto a memória ancestral da comunidade negra. Domingos Jorge Velho foi o bandeirante que comandou a invasão ao Quilombo dos Palmares na Serra da Barriga que culminou com a morte de centenas de pessoas, além da morte de Zumbi dos Palmares.
Após a descoberta da nomenclatura dessa rua, alunos da Faculdade Zumbi dos Palmares se reuniram para criar o Movimento Zumbi Resiste, com o objetivo mudar o nome da rua de Jorge Velho para Zumbi dos Palmares, além de transformar o local em um espaço de ocupação contínua para realizações de atividades afrocentradas como um símbolo de resistência. Hoje, o projeto está registrado na Câmara de Vereadores de São Paulo e tramita nas comissões necessárias para sua validação até chegar a fase final da votação na plenária.
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Ainda como mote de mobilização foi feita uma petição online que segue angariando assinaturas com o objetivo central de ampliar o alcance e importância da ação.
Segundo o aluno da Faculdade, Lucas Carvalho, o apoio de toda comunidade é de grande importância, inclusive pelo momento histórico que o país vive. “É importante contar com o apoio de toda população para expor o assassino Jorge Velho e fazer justiça por Zumbi dos Palmares, que foi importante para a libertação de milhares de negros”.
A história de Jorge e Zumbi
Zumbi dos Palmares nasceu na Serra da Barriga e se tornou líder do Quilombo dos Palmares, tornando-se símbolo de resistência contra a opressão portuguesa. Denominado “O senhor das guerras”, Zumbi foi responsável pela libertação de um incontável número de escravos, se apoderando também das armas e munições, que posteriormente eram usadas na defesa do quilombo. Zumbi virou assim uma lenda entre os afrodescendentes que viviam no país, criando inclusive o mito de que seria imortal.
Foi então que Domingos Jorge Velho recebeu a incumbência de destruir o Quilombo dos Palmares, em troca de dinheiro e terras. Velho e sua tropa comandaram diversos ataques ao Quilombo dos Palmares com métodos altamente brutais e sendo descrito por pessoas da época como “um dos maiores selvagens que já haviam visto”. Até que em 1694, as tropas de Jorge Velho, com mais de 6 mil homens, obtiveram êxito e promoveram um verdadeiro banho de sangue no Quilombo dos Palmares, assassinando a maior parte da população que ali vivia e prendendo mulheres e crianças.
Zumbi, mesmo ferido, conseguiu escapar da invasão e em 20 de novembro de 1695 foi apanhado em seu esconderijo, sendo morto pelas tropas de Jorge Velho que dias depois expressou em ofício a Sua Majestade que Zumbi havia sido morto por uma partida de gente do seu terço. Após isso, a cabeça de Zumbi ainda foi cortada, salgada e exposta em praça pública para que fosse usada como exemplo a todos os afrodescendentes da época.