Foi proposto pelo vereador Antonio Donato (PT), através do Projeto de Lei (PL) 258/21 o Programa São Paulo DNA África, com a finalidade de permitir que Descendentes de Negros Africanos Escravizados no Brasil (DNAEBs) tenham acesso a testes gratuitos de DNA e Mapeamento Genético de Ancestralidade. A PL prevê que esses testes sejam feitos na municipal de saúde podendo ser em via de parceria com entidades públicas ou privadas.
A Secretaria Municipal de Promoção da Igualdade Racial e Secretaria Municipal de Saúde ficariam responsáveis pelo cadastramento de todos os indivíduos da população que se identificam como DNAEBs. Com a adoção em larga escala desse tipo de exame é possível localizar as origens geográficas e familiares dos cidadãos descendentes dos povos escravizados, que tiveram seus registros queimados após a abolição.
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No livro “Negros, o Brasil nos deve milhões: 120 anos de um Abolição Inacabada”, da escritora Claudete Alves, é exposto como se deu parte da destruição dos registros pelo então Ministro da Fazenda, Rui Barbosa, em 1890. “Rui Barbosa assinou um decreto que determinou a incineração de todos os documentos relativos à escravidão para assim acabar com qualquer vestígio e consequentemente, evitar qualquer pleito indenizatório tanto dos negros, como dos ex-senhores de escravo”.
É um fato que o preto no Brasil não sabe de onde vem. A diáspora africana foi sangrenta e após a abolição se seguiu um processo de apagamento da história que só tem sido, lentamente, recuperada recentemente. O Brasil é o país do continente americano que mais recebeu africanos escravizados e parece que a história do preto começou nos navios negreiros, como se o passado não existisse. Isso é o oposto do que acontece com os outros povos que ajudaram a compor a identidade da população brasileira, que tiveram preservadas suas histórias de lutas, conquistas e identidades.