É mais difícil conseguir crédito quando é negro. Apesar das diversas iniciativas de orientar o afroempreendedor, por meio de eventos com foco em capacitação, muito já se encontram em um nível avançado em termos de desenvolvimento do seu negócio, mas falta dinheiro para crescer.
Sabendo do racismo estrutural latente no Brasil, não precisamos adivinhar o que acontece quando um empresário negro senta à mesa de um gerente de banco para pedir crédito. Se o negócio tiver foco para comunidade negra então, é quase uma missão impossível conseguir algum dinheiro para aumentar o seu capital de giro ou financiar a compra de novos equipamentos.
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A Conta Black, que será lançada oficialmente no dia 31 de outubro, durante o evento Black Summit: Precisamos falar sobre “Black Money” , é um conta digital focada não só em afroempreendedores, mas em pessoas da comunidade negra em geral, que de acordo com pesquisas, são as que mais têm dificuldade ao acesso à bancos.
“Não da mais para aceitarmos a exclusão bancária sem tentarmos uma solução. Segundo o último estudo do IBGE, sobre o assunto, por volta dos 60 milhões de pessoas no Brasil não possuem acesso a serviços bancários básicos. Se a população negra corresponde a mais da metade da população, já sabemos numericamente falando, o perfil étnico dos desbancarizados”, explica Sérgio All, CEO da Afrobusiness, associação de promoção e integração de profissionais e empreendedores negros e Fundador da Conta Black.
Nos EUA onde o afroempreendorismo está anos luz de desenvolvimento comparado ao Brasil, organizações financeiras com foco nos empresários negros foram fundamentais. Um exemplo é o One United. Certa de 100 milhões de dólares foram investidos pelo, sobretudo em pequenos negócios, após uma avaliação criteriosa.
Fazer o cliente se sentir especial e motivado faz parte do projeto da Conta Digital, considerando que o racismo se manifesta em forma de negação de crédito e mal atendimento.
“O empreendedor negro tem crédito negado três vezes mais do que o branco, com as mesmas condições aqui no Brasil. Ou seja, temos uma parcela da população em sua maioria negra, que não é atendida de forma digna e a Conta Black como uma Fintech (banco digital), se propõe ajudar na resolução desse problema. Nossa atuação se dará de forma gradativa e dividida por fases. Os usuários terão uma importante participação na condução do feedback de cada uma das etapas”, esclarece o CEO da Afrobusiness.
Divisor de águas
Sérgio All vê com otimismo os negócios de nicho focado para comunidade negra. “Acredito que o afroempreendedorismo teve uma grande visibilidade no ano de 2017. O conceito tem se difundido cada vez mais, de modo que os empreendedores tem mais oportunidades para se capacitar e alavancar a sua performance. Acredito que nos próximos anos certamente os empreendedores do nicho afro que se prepararam, surfarão nessa onda”.
O evento da Afrobusiness no dia 31 de Outubro reunirá nomes influentes da comunidade negra para falar afroconsumo, black money e até negócios bilionários. O evento acontece no charmoso Sheraton WTC Hotel, em São Paulo. Mais detalhes clique aqui.