Mundo Negro

Presidência da COP 30 ignora racismo ambiental em carta com objetivos contra crise climática

Foto: Divulgação

Em novembro, o Brasil sediará a aguardada 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, em Belém (PA). Embora os movimentos tenham destacado a importância da justiça climática, apresentando o impacto desproporcional do clima sobre comunidades negras, indígenas e periféricas, o presidente da COP 30 André Corrêa do Lago, divulgou uma carta nesta segunda-feira (10), convocando um “mutirão global” contra a mudança climática, defendendo a necessidade de ação conjunta dos países, mas sem mencionar o racismo ambiental.

Na carta aberta, o embaixador pediu que os países superem “a inércia, o individualismo e a irresponsabilidade” diante da crise do clima e destacou que 2024 foi o ano mais quente já registrado globalmente, o primeiro em que a temperatura média ultrapassou 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais.

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Na semana passada, a executiva e colunista do Mundo Negro, Rachel Maia falou sobre a importância da inclusão na COP 30, destacando as desigualdades racial e social. “As urgentes demandas climáticas, que acomete principalmente pessoas que estão às margens da sociedade e que fazem parte do quadro de racismo ambiental (sem acesso a água potável, saneamento básico e garantia de estruturas seguras para moradia e sobrevivência), precisam estar inseridas neste movimento de maneira estratégica, pois essas populações vivenciam diariamente as mazelas da escassez, e ainda assim, seguem perseverantes”, destacou no artigo.

O que diz a carta aberta

“A mudança é inevitável – seja por escolha ou por catástrofe. Se o aquecimento global não for controlado, a mudança nos será imposta, ao desestruturar nossas sociedades, economias e famílias. Se, em vez disso, optarmos por nos organizar em uma ação coletiva, teremos a possibilidade de reescrever um futuro diferente”, afirma o texto.

A carta elenca os desafios da COP30 e reafirma a intenção de ampliar o financiamento climático para países em desenvolvimento, com a meta de atingir pelo menos US$ 1,3 trilhão por ano até 2035.

Corrêa do Lago também defendeu a necessidade de avançar na implementação das metas do Acordo de Paris e ressaltou que é preciso ir além das negociações formais. “Precisamos de uma ‘nova era’ para além das negociações: devemos ajudar a colocar em prática o que foi acordado”, escreveu o embaixador.

O documento ainda exalta o multilateralismo, fazendo referência indireta aos Estados Unidos, que, sob a gestão de Donald Trump, chegaram a deixar o Acordo de Paris. “Ao aceitar a realidade e combater a catástrofe, o cinismo e o negacionismo, a COP30 deve ser o momento da esperança e das possibilidades por meio da ação – jamais da paralisia e da fragmentação. Devemos enfrentar a mudança do clima juntos e reativar nossas habilidades coletivas e individuais de resposta: nossas ‘responsa-habilidades’”, afirmou.

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