A Polícia Civil realizou hoje uma operação contra o tráfico na comunidade do Jacarezinho, na zona norte do Rio de Janeiro. A ação já é considerada por especialistas como uma das mais letais perpetradas pela polícia. Em comparação com a famosa operação realizada no Morro do Alemão,em 2007 deixou 19 mortos nos confrontos, enquanto a incursão de hoje conta até agora com 25 mortos,entre elas um agente.
No Instagram do coletivo Mães de Manguinhos (formado por familiares de pessoas mortas pela polícia no RJ) foram divulgadas denúncias de violações dos direitos humanos cometidos pela por agentes da polícia.No vídeo, integrantes do coletivo falam que esse tipo de ação é genocídio e que os moradores acabam sendo usados como escudo durante os confrontos. “Essa é a hora das pessoas do asfalto virem para cá, na favela do Jacarezinho.Agora ninguém bota a cara. Como sempre são os moradores que ficam na linha de frente. Fazer militância por redes sociais é mole, mas tem pessoas senso assassinadas dentro da favela do Jacarezinho”,diz uma das integrantes do coletivo.
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No vídeo é possível ver policiais passando entre os moradores e também ouvir vozes de moradores dizendo que “povo favelado também tem direitos”. Lucas Louback, articulador social e coordenador de projetos pró direitos humanos no Rio de Paz relatou em suas redes sociais que estava distribuindo alimentos quando começou um intenso tiroteio que transformou a comundade em um cenário de guerra. “Estou no Jacarezinho. Ambiente de guerra. O Rio de Janeiro vive uma guerra civil e ela ocorre em territórios com milhares de crianças, idosos, estudantes, trabalhadores… Ela só ocorre entre pobres. Clima de insegurança, destruição, estilhaços”, escreveu.
A deputada federal pelo PSOL, Talíria Petrone escreveu em seu Twitter: “Recebemos a denúncia de que, depois da operação no Jacarezinho nesta manhã, um corpo de uma pessoa negra foi colocado numa cadeira com um dos dedos na boca para a população ver. Isso é BARBÁRIE! Não há palavras para descrever essa situação”.
Segundo a Polícia Civil a operação tinha como alvo uma organização criminosa que atua no Jacarezinho seria responsável por homicídios, roubos, sequestros de trens da SuperVia e o aliciamento de crianças para atuarem no tráfico da região. Esse tipo de operação contraria a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que proibiu operações policiais nas favelas do Rio de Janeiro durante a epidemia da Covid-19, sob pena de responsabilização civil e criminal.