O mistério por trás do desaparecimento de Carlee Russell, nos Estados Unidos, ganhou um novo desfecho nesta quarta-feira (19), após revelações polêmicas da polícia. Durante uma coletiva de imprensa, o chefe da polícia de Hoover, Nick Derzis, afirmou que não há risco para a segurança pública, pois a enfermeira nunca foi sequestrada.
Desde o retorno de Russell para a casa, na noite do último sábado (15), depois de sumir por 48 horas, a polícia tem investigado o que houve. No hospital, a mulher relatou que escapou das garras de um homem, entretanto, foi “incapaz de verificar a maior parte da declaração inicial de Carlee feita aos investigadores”, disse Derzis.
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Apesar das autoridades informarem anteriormente que não poderiam divulgar informações do caso, eles viram a necessidade de trazer para a imprensa o que já descobriram até o momento, “devido ao interesse público e, em alguns casos, ao medo público que essa história criou”.
As câmeras de vigilância capturaram Carlee saindo do trabalho na quinta-feira (13), o dia do desaparecimento, levando consigo um roupão e papel higiênico. No caminho, ela pediu comida e parou para retirar no restaurante. Pouco tempo depois, ligou para a polícia e relatou que viu uma criança sozinha de fralda na beira da estrada, com cerca de 3 ou 4 anos. Os policiais foram até o local, mas não encontraram ela e a criança. Eles dizem que ela foi a única pessoa, em uma área com muito tráfego, a realizar esta denúncia.
A versão contada pela Carlee Russell
“Ela disse aos detetives que, enquanto viajava pela interestadual, viu um bebê andando na beira da estrada e ligou para o 911. Quando ela saiu do veículo para verificar a criança, um homem saiu das árvores e murmurou que ele estava verificando o bebê”, disse Derzis.
Neste momento ela relata ter sido sequestrada. “Ele então a forçou a entrar em um carro e a próxima coisa que ela lembra é estar no trailer de um caminhão de 18 rodas. Ela afirmou que o homem estava com uma mulher, porém nunca viu a mulher, apenas ouviu sua voz. Ela também disse aos detetives que podia ouvir um bebê chorando”, disse Derzis.
“Ela disse aos detetives que o homem tinha cabelo laranja com uma grande careca nas costas. Ela conseguiu escapar do caminhão de 18 rodas e fugiu a pé, apenas para ser capturada novamente e colocada em um carro. Ela foi então vendada, mas não amarrada porque os sequestradores disseram que não queriam deixar marcas em seus pulsos, a levaram para uma casa e a obrigaram a se despir. Ela acredita que eles tiraram fotos dela, mas não se lembra deles terem tido qualquer contato físico ou sexual com ela. Ela afirmou que no dia seguinte acordou e foi alimentada com bolachas de queijo pela mulher”, continua Derzis com o relato.
Carlee Russell disse que conseguiu fugir quando foi colocada de volta em um veículo e correu muito pela mata chegar perto de sua residência. Segundo Derzis, quando os detetives conversaram com ela, notaram um pequeno ferimento no lábio, a reclamação dela de dor de cabeça, um rasgo na camisa e US$ 107 em dinheiro na meia direita.
Pesquisas na internet e o silêncio de Carlee
Os oficiais investigaram o histórico de buscas no celular de Carlee dias e horas que antecederam seu desaparecimento e descobriram perguntas como: “Você tem que pagar por um alerta Amber?”; “Como tirar dinheiro de uma caixa registradora sem ser pego?”; “Estação de ônibus de Birmingham?”; “Bilhete de ônibus só de ida de Birmingham para Nashville” e “Busca Implacável”, um filme sobre sequestro.
Eles também descobriram entre as pesquisas na internet, revelações sobre o seu “estado de espírito” antes do desaparecimento, mas Derzis afirmou que não iria trazer à público, em respeito a família.
O chefe da polícia também disse que a enfermeira só conversou com as autoridades no dia em que reapareceu e não tiveram mais contato desde então. “Pedimos para entrevistar Carlee uma segunda vez, mas o pedido não foi atendido”, afirmou. “Como vocês podem ver, ainda há muitas perguntas a serem respondidas, mas apenas Carlee pode fornecer essas respostas”.
Derzis acredita que os pais estão sendo enganados pela Carlee. “Só queria que eles entendessem que hoje íamos fazer uma coletiva de imprensa e que iríamos detalhar os fatos. Não são insinuações, não é sobre o que eu penso ou esses detetives pensam, é sobre as informações que temos”, afirmou.
Casos reais de sequestro de mulheres negras
Se comprovado que Carlee Russell fingiu um sequestro, chamando a atenção dos Estados Unidos e outros países, é um risco para invalidar um problema que ocorre de verdade.
Na terceira temporada da série Truth Be Told, lançado neste ano pela Apple TV+, traz análises de crimes reais sobre o desaparecimento de várias garotas negras em uma comunidade e a revelação de uma rede de tráfico e abuso sexual. Estrelado por Octavia Spencer e Gabrielle Onion, elas relataram as dificuldades com os casos, durante uma entrevista para a Interview Magazine. “Repetidamente fica claro que as meninas negras e pardas nunca são a prioridade”, disse Union a Spencer.