O mercado de trabalho brasileiro ainda está longe de alcançar a igualdade racial, de acordo com um estudo divulgado pelo Instituto Identidades do Brasil (ID_BR) durante o Fórum Sim à Igualdade Racial, que aconteceu na última quinta-feira, 5. O levantamento revela que, se as políticas governamentais e as ações das empresas não avançarem de forma significativa, a equidade só será uma realidade daqui a 167 anos, ou seja, em 2190.
O relatório, que se baseia em dados do Censo Demográfico, Pnad Contínua do IBGE e Caged, lança uma luz sobre a extensão das disparidades no mercado de trabalho do Brasil. As oportunidades de emprego entre pessoas negras e brancas apresentam um cenário profundamente desigual, e a taxa de desocupação é particularmente alta para mulheres negras e indígenas, atingindo 13,4%.
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O diretor institucional do Instituto Identidades Brasil, Tom Mendes, em uma entrevista à GloboNews, destacou a importância da diversidade e da inclusão nos espaços de trabalho: “Se a gente perder alguma coisa, qualquer direito conquistado no mercado, seja no ambiente acadêmico, seja no ambiente político, seja no ambiente corporativo, esse número tende a aumentar. O racismo por si só ele é um processo muito burro. Porque se eu tenho uma população que é a maioria no Brasil, que não é atendida, não tem ninguém olhando para isso, eu tenho um processo economicamente inviável, não faz nenhum sentido. Representatividade é muito importante porque vai gerar lucro, vai gerar mais discussões, e você consegue enxergar toda uma população brasileira de uma forma mais digna”.
Outro aspecto destacado pelo estudo é a escassez de representação em cargos de liderança por parte de pessoas negras. Em 2021, apenas 1,9% das mulheres negras ocupavam cargos de liderança, enquanto homens negros representavam 2,2%. Embora tenha havido um ligeiro aumento em 2022, com 2,1% de mulheres negras e 2,3% de homens negros em cargos de liderança, o progresso ainda é insuficiente.
O estudo do ID_BR também destaca a necessidade de ações mais aceleradas e consistentes por parte das empresas e do governo para reverter essa situação. Embora tenha havido progressos notáveis, como a inclusão da pauta racial nas empresas e a criação de programas focados em oferecer oportunidades profissionais para pessoas pretas e pardas, o caminho para a igualdade ainda é longo.