Mundo Negro

Para associação de gerentes da Caixa de Salvador, Crispim é um farsante

Depois da repercussão nacional do caso do empresário Crispim Terral,  a Associação de Gerentes da Caixa (AGECEF) da Bahia, emitiu uma nota passando suas impressões sobre o ocorrido e insinuando, por meio de deduções, que o vídeo do ataque sofrido dentro da agência, foi editado para favorecer o denunciante.

“A gravação é, portanto, fraudulenta, manipulada, além de ser não-autorizada, e tem o único objetivo de manchar a imagem do banco e do seu quadro de pessoal. Atitude que reforça a intenção de desgaste perante a sociedade”, diz a nota.

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A entidade não  pede desculpas a Crispim, nem a sociedade que ela diz ter sido desgastada com as cenas de violência, e ainda não reconhece em nenhum momento que o episódio tenha sido um caso de racismo.

“Durante toda conversa, em momento algum foi proferida qualquer palavra que insinuasse discriminação racial. Por isso, a cautela, neste momento, é imprescindível.”

Para o escritor e comunicador digital Ale Santos, especialista em conteúdos com recorte racial, foi um caso de racismo sim. ” Eu vejo ali algumas expressões do racismo brasileiro como o olhar enviesado para o negro, que ao se deparar com um senhor reivindicando seu direito como cliente do banco foi tratado como um bandido, evocando o estereótipo racial expresso pela frase do gerente “Não negocio com esse tipo de gente”, explica Santo.

Outro detalhe que caracterizaria como um ataque de viés racial foi a forma como Terral foi mobilizado. ” Da mesma forma o guarda não pensou duas vezes para investir de maneira truculenta contra o Crispim, um olhar viciado pelo racismo que levou ao extremo de aplicar um mata-leão. Não lembro de casos que um microempresário branco foi tirado para fora de algum lugar da mesma maneira”, finaliza o escritor.

Leia a nota da Associação na Integra:

A Associação de Gerentes da Caixa (AGECEF) Bahia vem a público esclarecer o caso ocorrido no dia 19 de fevereiro, envolvendo o gerente geral da agência Relógio São Pedro, em Salvador, João Paulo, acusado de discriminação racial por um cliente, sem nem sequer ser lhe dado o direito de defesa.

Diante da gravidade dos fatos, a Associação lembra que é preciso, antes qualquer hipótese de formação de juízo de valor, apurar devidamente o ocorrido, o que foi feito por parte da diretoria durante toda esta terça-feira, 26 de fevereiro de 2019, quando o caso tomou proporções nacionais.

Ao analisar o vídeo, fica claro que o mesmo está editado, ao que parece, para suprimir aquilo que não interessa ao denunciante.

Chama a atenção também o fato de as imagens só terem sido divulgadas dias depois da ocorrência, com os devidos cortes e legendas, feitas pelo próprio reclamante. A gravação é, portanto, fraudulenta, manipulada, além de ser não-autorizada, e tem o único objetivo de manchar a imagem do banco e do seu quadro de pessoal. Atitude que reforça a intenção de desgaste perante a sociedade.

Vale destacar ainda que em momento algum, o gerente autorizou o uso da força policial na agência. No vídeo, usado de forma indevida, o empregado está ao telefone em conversa com a GISEG (Gerência Regional de Segurança), tratando de garantias à sua integridade física numa eventual necessidade de se deslocar até à delegacia, pois mesmo tendo recebido tentativas de intimidação por parte do reclamante, desejava um desfecho administrativo para o caso.
Fato que dá para observar no vídeo, mesmo com edição, se analisado cuidadosamente.

A AGECEF reafirma que as imagens mostram apenas o lado de um dos envolvidos no episódio. Importante atentar que o cliente estava filmando toda a ação, desde que chegou à agência, por volta das 10h do dia 19 de fevereiro. E que ao contrário de sua alegação, não ficou aguardando por atendimento, pois atendido às 10h37, conforme a senha que lhe foi disponibilizada, e este atendimento durou 1h22, pois foi realizado com toda dedicação.

Essa contradição entre os fatos e o relato do reclamante, levanta a suspeita de uma premeditação da ação. Depois de horas pressionando o gerente Pessoa Física, em uma espécie de tortura psicológica, por uma solução imediata, o que era impossível, já que alguns problemas demandam prazo e o reclamante já havia recebido uma resposta da Ouvidoria da Caixa, o gerente geral o chamou para tentar uma solução, também sem sucesso.

Ao chegar à unidade, por volta das 17h, os policiais tentaram convencê-lo a se retirar do local. Conversa que durou até às 18h30. Foi quando o próprio cliente disse que sairia se o gerente fosse para a delegacia com ele. Como o pedido foi negado pelo empregado, o reclamante pediu que o policial desse “seu jeito” para retirá-lo da agência.

Durante toda conversa, em momento algum foi proferida qualquer palavra que insinuasse discriminação racial. Por isso, a cautela, neste momento, é imprescindível. O cenário nacional é difícil e os discursos de ódio dominam as ações de parte da população. Mas, é preciso atentar para as vidas humanas e deixar que a Justiça faça o seu devido papel, ouvindo todos os envolvidos e averiguando as provas que vão além das imagens divulgadas amplamente em rede nacional.

Outros vídeos foram gravados e no local existiam pelo menos mais 10 pessoas presenciando os fatos e que podem confirmar o que realmente aconteceu. Toda ocorrência pode ser constatada ainda pelo circuito de interno de câmeras, com toda movimentação filmada dentro da unidade.

A Associação de Gestores da Caixa lamenta o ocorrido e lembra que é contra qualquer tipo de discriminação e ciente da sua responsabilidade perante a sociedade, está à disposição para quaisquer esclarecimentos.

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