Mundo Negro

Os impactos do Coronavírus no turismo africano

Por Tainara Rosa *

Já estima-se que o colapso da indústria turística poderá ser catastrófica para as economias africanas.

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A receita perdida como um todo é enorme. O Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC), uma associação do setor, estima que o turismo e suas atividades associadas sejam responsáveis por gerar cerca de 9% da receita do continente. O setor emprega 10 milhões de africanos diretamente, e talvez 14 milhões a mais de empregos sejam criados por seus impactos indiretos.

O turismo tornou-se um setor importante para a maioria dos países africanos nas últimas duas décadas. Houve um aumento dos investimentos em desenvolvimento e aprimoramento de produtos, marketing agressivo, juntamente com reformas sócio-políticas apropriadas para os negócios.

Em 2019 o aumento das chegadas internacionais em todo o continente  foi de 4,2%. E antes do surto da pandemia de COVID-19, havia sido previsto um aumento adicional de 3% a 5% para 2020. As causas que impulsionaram o crescimento incluem a possibilidade de intercâmbio  e pacotes turísticos com valores melhores se comparar com outros países, melhoria nas tecnologias digitais e processos de visto mais fáceis.

Como outros setores, o turismo, especialmente o internacional, é vulnerável a choques externos e crises. Repetidas vezes, os eventos fizeram o setor recuar. Isso inclui recessões, ameaças à segurança, incluindo ataques terroristas, desastres naturais e epidemias e pandemias. Há também o problema de reportagens negativas da mídia internacional.

A pandemia de COVID-19 em andamento é uma dessas ameaças, embora em um nível totalmente novo. Os países africanos devem aproveitar a experiência do passado para elaborar planos para gerenciar o vazio pós-coronavírus.

Visto que o turismo tem sido um dos setores mais atingidos desde que a doença foi detectada pela primeira vez em Wuhan, na China, em dezembro de 2019. O Conselho Mundial de Viagens e Turismo alertou que a pandemia do COVID-19 pode custar até 50 milhões de empregos em todo o mundo no setor turístico.

Em Uganda por exemplo, “os únicos hotéis com hóspedes são os designados como centros de quarentena”, diz Jean Byamugisha, diretor executivo da Associação de Proprietários de Hotéis de Uganda. Os hotéis normalmente precisam de 40% de ocupação para se equilibrar, e ele acrescenta, que muitos hotéis “não podem cumprir suas obrigações financeiras, como pagar impostos e pagar empréstimos”.

“Todo o setor está de joelhos”, acrescenta Carmen Nibigira, analista de políticas de turismo com sede em Ruanda. “Quando você olha para a região da África Oriental, não há muitas empresas maiores que estão realmente dominando nosso setor. Ainda temos milhares e milhares de empresários independentes por aí lutando e tentando sobreviver. ”

De fato, ela declara, que muitas dessas pequenas empresas “já estão enterradas” pela pandemia. “Essas são as linhas de frente da nossa indústria”, acrescenta ela. “Eles não são o Marriott. Talvez nesse momento muitos acabem optando por trabalhar em casa, no modelo estilo Airbnb, ou pousada.

É importante ressaltar que os países africanos devem se concentrar em aumentar sua promoção em viagens domésticas e entre outros países do continente. Isso servirá como um catalisador para desencadear a recuperação e estimular o crescimento da indústria.

Isso nem sempre foi o caso, porque a maioria das organizações de gerenciamento e marketing focadas no continente africano preferem campanhas direcionadas a visitantes internacionais, enquanto negligencia o poder de compra e as possíveis contribuições do povo africano. O que seria um grande estímulo na recuperação futura da industria.

Manter a confiança dos viajantes será uma parte crucial para a retomada das rédeas. Investir em segurança, infraestrutura e conforto será um diferencial importante nos próximos meses.

 

E após a pandemia é importante que possamos mudar o olhar do viajante. Pois o nosso continente mãe estará contando com o nosso apoio. Sabendo o quanto esse continente tem para oferecer, que a Keep Travel tem como foco principal em muitos destes destinos. Vamos colaborar para acelerar essa transformação e contribuir para o crescimento. A África tem muito para ensinar a todos. Seus visitantes podem esperar uma riqueza de experiências únicas.

 

*Tainara Rosa é a idealizadora da agência @keeptraveloficial

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