Mundo Negro

Os desgastes de Lula e os impactos nas políticas de equidade racial 

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Texto: Luciano Ramos

Há meses Lula vem enfrentando crises, sem precedentes na história, se comparadas aos seus governos anteriores, e os dados apontam isso. Lula governa sob adversidades desde a sua posse. Todavia, a pesquisa publicada hoje pelo Datafolha revela a maior queda na aprovação do governo, historicamente, se comparada, também, aos mandatos entre 2002 e 2010 de Lula da Silva. 41% das pessoas pesquisadas desaprovam o governo, enquanto 24% aprovam.

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É interessante como as contradições se apresentam o tempo todo. Ao mesmo tempo que o Brasil fechou o ano de 2024 com um saldo positivo em empregabilidade com empregos formais com carteira assinada, o dólar cresce, constantemente, o famoso mercado (que eu chamo de entidade) intranquiliza-se o tempo todo, o que impacta no cotidiano da população brasileira (falaremos disso mais abaixo). 

Vamos olhar a história e entender um pouco mais 

Não é desconhecido que o parlamento brasileiro que, desde o impeachment de Dilma Rousseff, enfraquece cotidianamente o executivo. Durante o governo de Temer e o posterior governo de Jair Bolsonaro, este mesmo parlamento, ganhou robustez. Em governos fracos, o parlamento se fortalece. O governo Temer passou por toda a sua gestão fugindo do impedimento e num “toma lá dá cá” intenso com o parlamento brasileiro. O governo Bolsonaro que, por sua vez, começou com um discurso onde o então presidente dizia que acabaria com a “velha política”, apresentando-se como um outsider da política brasileira, pouco tempo depois fez o mesmo movimento de Temer, entregando o seu governo ao famoso centrão. Na lógica estabelecida no país, quanto mais frágil um governo, mais o parlamento ganha (leia-se aqui centrão). Lula foi eleito em 2022 sabendo que encontraria um parlamento muito diferente de seus governos anteriores: mais conservador. Até os mais críticos de Luís Inácio o elogiam pela arte de fazer política e dialogar. Mas é sabido que não tem sido tão fácil quanto se imaginava. O que faz a relação com o congresso ser difícil, morosa (muitas vezes) e desafiadora.  

A crise na comunicação do governo que levou a troca de ministro da referida pasta. Nasce ali uma questão crucial a ser entendida: Até que ponto o Lula de 2002 consegue dialogar com o Brasil de 2025? Essa é uma pergunta feita, constantemente, pelos aliados do presidente, inclusive. 

O governo não consegue comunicar os feitos políticos aos brasileiros. Isso, aliado à crise econômica, cria um cenário caótico. Os alimentos e demais produtos nos supermercados chegaram a valores exorbitantes, criando insatisfações dos consumidores. E o governo que não consegue se comunicar bem com o povo se torna refém dos improvisos de Lula, que já não fazem mais sucesso. Nas últimas semanas, os memes das redes sociais, os vídeos fazendo críticas às falas de Lula sobre os valores do café e outros produtos alimentícios são frequentes nas redes sociais. Tem sido constante a reclamação de que o governo não consegue dialogar com as bases. A queda do governo, segundo a pesquisa, perpassa por todas as classes sociais. Mesmo o povo mais pobre, historicamente o povo negro, que sempre foi o mais próximo de Lula se mostra descontente com o governo Lula. 

Os ministérios identitários como da Igualdade Racial, dos Povos Indígenas, dos Direitos Humanos e das Mulheres parecem não conseguir avançar em suas pautas ou com suas agendas mais lentas e que não correspondem às necessidades populares. Estes são os ministérios que precisam dialogar com o público que o PT desde a sua origem busca representar e atuar em conjunto. 

Fala-se em refundação do governo, repactuação, criação de novas políticas sociais. Fato é que este governo Lula não tem uma grande marca estabelecida. Não é possível ficar preso ao 08 de janeiro, que sim é um golpe, mas que agora cabe ao judiciário (que está fazendo a sua parte). O governo Lula precisa governar e apresentar os resultados necessários para os brasileiros. Sobretudo, para os que mais precisam. 

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