Mundo Negro

O avanço do povo negro após abolição, mesmo sem reparação histórica

Foto: Reprodução

Texto: Rachel Maia

O povo negro lutou por sua liberdade e, depois da abolição da escravatura, mesmo sem reparação histórica por quase 400 anos de escravização, seguiu adiante. Já é sabido que as desigualdades que atingem principalmente o povo negro correspondem à herança da escravidão e do racismo que impediu que os mesmos tivessem uma vida digna e justa. 

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A realidade que vivemos traz reflexos de um ontem recente, um passado de descaso e falta de planejamento que afeta a sociedade como um todo. Em minhas palestras, dialogo com pessoas de diversos saberes, posicionamentos políticos e contextos sociais. O que, no entanto, todos têm em comum é a percepção de que poderíamos estar em outra posição em matéria de equidade de direitos e oportunidades.

Nessa data, 13 de maio de 2024, 136 anos da assinatura da Lei Áurea (que colocou em liberdade mais de 700 mil indivíduos escravizados – sem, no entanto, garantir a eles direitos, trabalho e moradia), desejo ressaltar que somos mais do que as nossas dores. De acordo com o Censo 2022, somos 203,1 milhões de brasileiros sendo 56% de pessoas negras. Ou seja: uma potência. Se, hoje, eu, mulher preta de uma família sem recursos financeiros, ocupo a cadeira número um e tenho relevância para sociedade, deve-se ao fato de que sou filha de um povo que luta por seu lugar de pertencimento, com a força e a sabedoria da ancestralidade. 

Quando há oportunidades (e batalhamos para que elas existam cada vez mais), são notórios os nossos avanços. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), houve um aumento de 400% de negros nas universidades entre 2010 e 2019, após a Lei de Cotas (Lei n° 12.711/2012), implementada há pouco mais de 10 anos. 

Nos últimos anos, empresas e a sociedade em geral se movimentaram para que pessoas negras ocupassem lugares de destaque. O trainee da Magazine Luiza com recorte de raça, por exemplo, fomentou o ingresso de profissionais negros em cargos de liderança, uma forma de promover igualdade de oportunidades e direitos. Tal programa correspondeu a um marco transformador no mercado, cujo impacto gera o que nomeio de um “chamamento” para novas práticas de inclusão racial.

Compreender, respeitar e celebrar o Brasil em toda a sua diversidade irá nos conduzir para posturas mais propositivas. A prática da equidade já movimentou positivamente a nossa sociedade e, por isso, agora podemos falar sobre representatividade em distintas áreas – do setor executivo ao político, do campo artístico ao médico, do âmbito financeiro ao educacional. Acredito que estamos reconstruindo o país em conjunto. Precisamos seguir lutando por nossos direitos unindo forças com aliados rumo a essa luta que é de todos nós. Que avancemos para um futuro mais equitativo. 

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