Mundo Negro

Numanice em SP: Não foi um show, foi uma experiência

Imagem: Instagram @LUDMILLA

Os números não mentem: Ela acumula mais de 24 milhões de seguidores no Instagram, 2.5 bilhões de visualizações no Youtube, mais de 5 milhões de ouvintes mensais no Spotify, além de ser a primeira cantora negra latino-americana a atingir 1 bilhão de streams na plataforma. Ele é o momento. E nós fomos conferir de perto, o fenômeno Ludmilla.

Pela segunda vez, o Site Mundo Negro foi convidado para prestigiar o evento. Nosso time, que esteve na estreia da turnê no Rio de Janeiro, também compareceu na segunda edição do show, no Aeroporto Campo de Marte, em São Paulo (SP) no último sábado (04/12).

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Desde o momento em que entramos no local do show, fomos envolvidos em universo paralelo. Os portões abriram 17h, e embora o show começasse apenas as 21h, o público deve muito com o que se distrair durante esse tempo, já que toda a estrutura do evento era digna não só de um show, mas de um festival de música. Ao longo do espaço, os fãs se deparavam com vários cenários pensados especialmente para tirar fotos, cenários que refletiam a vibe do Numanice, e é claro, a ideia foi um sucesso. Longas filas se formaram diante de cada um desses painéis por que todo mundo queria uma lembrança daquele dia.

Ludmilla e Xamã (reprodução, Instagram)

Tudo isso, ao som de duas DJ’s que tocavam dentro de um repertório eclético, tudo aquilo que Ludmilla e seu público gostam de ouvir. Grandes sucessos de Beyoncé, Mariah Carey, Iza, Mary J Blige,entre outros nomes da música nacional e internacional embalavam o público que aguardava ansiosamente pela entrada de Ludmilla no palco. E Aliás, precisamos falar sobre o palco. Diferente do que vemos normalmente, a plateia ficava extremamente próxima do palco, tão próxima que os seguranças precisavam alertar sobre os jatos que sairiam dali em um certo momento da apresentação. O palco, além de próximo, tambem era baixo, o que ajudava mais ainda a criar o clima intimista do projeto. Em um vídeo postado nos stories durante a semana, anunciando o show, Ludmilla descreveu o concerto como uma reprodução das festas da casa dela, onde ela canta com os amigos e ataca de DJ. Foi exatamente assim que nos sentimos, em uma festa no quintal da casa da Ludmilla. E não poderia ter sido melhor. E não que a descrição intimista do palco faça você imaginar algo simples, ok? Na verdade, ele era extremamente criativo e bonito, dentro da proposta.

Quando a Rainha da Favela subiu ao palco, o público foi a loucura, e com toda razão. Ludmilla correspondeu, sendo muito atenciosa e carinhosa com os fãs. Interagindo, se aproximando, mostrando se como uma artista acessível e não um artigo intocável. Estávamos diante de uma pessoa real, que ria, se divertia, prestava atenção no público e no que acontecia na audiência, e que até errou a entrada de músicas por que se empolgou conversando com os fãs. E as vezes, alguns errinhos tornam o show muito mais dinâmico e divertido do que algo completamente ensaiado, roteirizado, duro. Essa conversa com os fãs, se estendia aos muitos amigos famosos que também estavam ali prestiagiando o show. Celebridades como Margareth Menezes, Agnes Nunes, John Drops, Fiuk, Caio Castro, Vitão,Nicole Bahls, Foquinha, Danny Bond, Whindersson Nunes entre outros, marcaram presença no evento. Mas se engana quem pensou que os nomes de peso estavam lá só pra curtir: Jão, Luiza Sonza, Glória Groove, Xamã e Dela Cruz subiram ao palco para acompanhar Ludmilla nas canções de pagode, além de apresentar canções autorais também. O público foi a delirio com tantas participações especiais dignas da gravação de um DVD.

Ludmilla e Gloria Groove em SP (Reprodução, Instagram)

Com quatro horas de duração e três trocas de roupas, o Numanice também mostrou mais uma vez todo o potencial vocal de Ludmilla, que ocupa com propriedade uma cadeira no The Voice +. Ludmilla, que ascendeu a fama como MC Beyoncé la em 2012 (e fez questão de relembrar essa epoca durante o show), amadureceu como artista e encontrou sua propria personalidade no mundo da música, ainda que influenciada por sua grande diva (que certamente ficaria orgulhosa se estivesse la na noite passada). Ao longo dos anos, Ludmilla foi se mostrando uma artista completa, que circula do funk ao pagode, passando pelo R&B, uma artista que canta, dança, compõe, e inspira milhões de jovens periféricos de que ser eles mesmos é sim uma boa ideia. Uma representatividade preta, LGBTTQIA+, feminina e periférica lotando shows como o de ontem, certamente deu esperança para muita gente que esta ali. Esperança de lutar pelos seus sonhos, apesar das adversidades do caminho. Numanice é a confirmação de Ludmilla quanto uma das maiores artistas da história do Brasil, embora a classe branca e elitista tente diminuir a importância do som de preto fazendo todo esse barulho.

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