O mês de novembro é conhecido no meio urológico e na sociedade em geral por ser dedicado à conscientização sobre o câncer de próstata, campanha conhecida como Novembro Azul e que, há mais de 20 anos, serve de base para que a população masculina se conscientize não somente sobre o câncer de próstata, mas também para a necessidade de cuidados de saúde global nesta população, frequentemente negligenciada. No Brasil, este mesmo mês é dedicado também à Consciência Negra, de forma que se torna oportuno para os cuidados em saúde de uma parte da população ainda mais negligenciada, o homem negro.
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Com o envelhecimento da população, doenças crônicas são cada vez mais prevalentes, e, nesse cenário, doenças cardiovasculares e neoplasias (cânceres) se tornam cada vez mais importantes pensando em prevenção e tratamento (de preferência precoce). As primeiras têm alta mortalidade decorrente principalmente de infarto agudo do miocárdio e de acidentes vasculares encefálicos (chamados de AVE ou AVC). As segundas têm maiores índices de mortalidade entre homens relacionadas a cânceres de pulmão, próstata e intestino.
Dessa forma, enquanto a expectativa de vida das mulheres é de cerca de 7 anos superior à dos homens, parte desta diferença reside no maior cuidado feminino na prevenção de doenças e na busca de saúde. Embora não haja análises específicas por grupos étnicos e socioeconômicos, sabe-se que os homens negros tendem a viver menos ainda; são muitas vezes menos assistidos, mais propensos a doenças cardiovasculares e tendem a ter formas mais agressivas de câncer de próstata.
Assim, maiores orientações acerca de cuidados de saúde em geral (manter hábitos de vida saudáveis, com boa alimentação, prática regular de atividades físicas, cessação de tabagismo e controle de doenças pré-existentes) e específicas (como o rastreamento de cânceres) são essenciais para todos, mas devem ter enfoque nas populações de maior risco.
Considerando o câncer de próstata, que é doença-ícone quando se fala da saúde masculina, embora seja nítido o aumento do alcance de campanhas como a do Novembro Azul, ainda há um longo caminho a percorrer, visto que boa parte dos homens ainda não realizaram exames simples para detecção precoce desta patologia. E outras questões relacionadas à saúde do homem devem receber ainda menos atenção por não terem mortalidade expressiva, mesmo que contribuam também para redução da qualidade de vida. Assim, ainda no meio da Urologia, devem ser vistas outras afecções da próstata como hiperplasia e prostatites, cálculos urinários, distúrbios hormonais, disfunções sexuais, infecções sexualmente transmissíveis, incontinência urinária, alterações da fertilidade e outros tumores e doenças urogenitais.
Há necessidade de mudança da cultura masculina em relação à própria saúde, que muitas vezes não é priorizada também pela crença de que isso os torna “menos homens”, pelo medo antecipado de algum achado ou mesmo por não se considerarem susceptíveis a doenças. A desinformação e as crenças comuns devem ser combatidas nesta busca por longevidade e qualidade de vida. Cuido e busca por ajuda médica são fundamentais não somente para tratar de doenças, mas também para evitá-las e viver melhor.
Dr. Sahna Wilbonh – Cirurgião geral e Urologista
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