Muitos já sabem que África não é um país, o que poucos sabem é que o continente vai além de safáris e pobreza.
Em meio a uma pandemia mundial, há notícias de ações da Ásia, Europa, América do Norte, mas o que está acontecendo nos países africanos?
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Em março, o governo federal da África do Sul criou um site apresentando informações e atualizações de dados sobre o avanço de COVID-19 no país onde podem ser vistos os números referentes a testes aplicados, casos confirmados, recuperações e mortes. Além disso, disponibilizou uma linha 0800 e está usando o chatbot no whatsapp em 5 dos 11 idiomas oficiais do país, respondendo perguntas sobre mitos, sintomas, prevenção e centros de tratamento do COVID-19, e já alcançou 3,5 milhões de usuários.
Hoje, a África do Sul, país com maior índice de pessoas infectadas pelo vírus no continente africano, com 19.137 casos, e que desde 26 de março está em lockdown (sistema de quarentena mais rígido), tem o total de casos confirmados menor que o número de pessoas mortas pela doença no Brasil, que já ultrapassam 19.148 óbitos.
Em um outro país africano, Madagascar, foram confirmados 405 casos de coronavírus, 131 recuperações e 2 mortes, e seu presidente, Andry Rajoelina, em entrevista ao canal francês France 24, afirmou ter encontrado a cura da doença e questionou: se fosse um país europeu que tivesse descoberto este remédio, haveria tanta dúvida? Eu acho que não. Rajoelina também pontuou que os cientistas africanos não deveriam ser subestimados.
Apesar de não ter sua eficácia comprovada cientificamente, o Covid-Organics, tônico à base da planta artemísia, já está sendo adquiridos por diversos países africanos, como Nigéria, Libéria, Guiné Bissau e Guiné Equatorial.
Mas o único óbito causado pela doença em Madagascar é uma dentre outras razões no continente para se observar: Eritreia e a tão desejada Seychelles confirmaram 39 e 11 casos, respectivamente, tendo 100% de recuperação. Países como Namíbia, Uganda, Ruanda, Moçambique e Lesoto não registraram óbitos dentre os mais de 650 casos.
Estatísticas do continente*:
- População 1,28 bilhões
- 99.420 casos em 54 países
- 39.706 recuperações
- 3.079 mortes
Cinco países com maior nº de casos confirmados:
- África do Sul: 19.137 (8.950 recuperações e 369 mortes)
- Egito: 15.003 (4.217 recuperações e 696 mortes)
- Argélia: 7.728 (4.062 recuperações e 575 mortes)
- Marrocos: 7.211 (4.280 recuperações e 196 mortes)
- Nigéria: 6.677 (1.840 recuperações e 200 mortes)
Cinco países com menor nº de casos confirmados:
- Lesoto: 1 (ainda em tratamento)
- Seychelles: 11 (11 recuperações)
- Namíbia: 18 (14 recuperações)
- Gâmbia: 24 (13 recuperações e 1 morte)
- Botsuana: 29 (19 recuperações e 1 morte)
*Dados apurados no dia 21/05/2020
Além dos relativamente baixos índices referentes à pandemia, há excelentes casos de inovação para o combate ao vírus. Confira o que está acontecendo em alguns países:
Nigéria:
Usman Dalhatu ( foto em destaque e abaixo) um jovem de 20 anos, estudante de Engenharia Mecânica na Ahmadu Bello University, construiu o RESPIRE-19: um respirador portátil e automático ultramoderno.
Gana:
Richard Aning, bacharel em Marketing, transformou um tonel em uma pia alimentada por energia solar que automaticamente libera água ensaboada quando uma mão se aproxima do sensor e, em seguida, um alarme apita direcionando a pessoa para outra pia onde haverá água disponível por 25 segundos para enxague.
Senegal:
DiaTropix é um kit criado por um grupo de virologistas senegaleses, que tem um custo de US$1 e as pessoas sabem os resultados em até 10 minutos. Hoje o Senegal testa mais pessoas per capita que os EUA e pretende testar 16 milhões de senegaleses.
Ruanda:
O Ministério de Saúde de Ruanda está adotando o uso de robôs para testar temperatura e saturação, como medida para reduzir exposição da equipe médica ao COVID-19, permitindo também que mais pacientes sejam atendidos. Os robôs, que possuem nomes ruandenses (Akazuba, Ikirezi, Mwiza, Ngabo, and Urumuri ), fazem triagem de 50 a 150 pessoas por minuto, entregam alimentos e medicamentos nos quartos, monitoram estado de cada paciente e notificam os funcionários do plantão caso detectem anormalidades”.
Com base nisso, fica nítido que África é um continente que está ensinando muito durante a pandemia, mas poucos estão vendo.