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Por meio de perfis, a campanha #NegrasRepresentam tem o objetivo de apresentar os pensamentos de mulheres negras em diversas esferas sociais e como suas ações vem propondo mudanças na realidade racial do país.
Historiadora destas que trazem a tona, as identidades invisibilizadas principalmente a partir do que esses não são. Flávia Rocha é mestre em linguagem e identidade, professora e coordenadora de um dos cursos da Uniafro e ativista plena de uma educação que resgate as identidades. Estamos falando de uma resgatadora de histórias negras, cuja atuação impacta principalmente em temas como: educação étnico-racial, historiografia acreana e análise do discurso. Reintroduzindo os valores e memorias negras nestas áreas, ela vem contribuindo para a reconstrução da história negra e a retraçando os caminhos esquecidos ou invisibilizados.
Mundo negro- Qual o papel da escola na discussão sobre as relações étnico raciais?
A escola tem papel primordial na discussão sobre as relações étnico-raciais, uma vez que é neste espaço que as mentalidades são primordialmente construídas e fortalecidas sobre conceitos, relacionamentos sociais, dentre outros princípios que podem contribuir para gerar relacionamentos respeitosos, mesmo com a diversidade na qual estamos todos inseridos. Bem como, a falta de educação étnico-racial no ambiente escolar também contribui para a propagação do racismo, para o fortalecimento e a naturalização das desigualdades e as discriminações raciais.
Mundo Negro – Você coordena um dos cursos da Uniafro. Como vê a aplicação da 10.639/03 e da lei 11.645/08 nas escolas? Ela está, efetivamente, sendo colocada em prática?
A aplicação das Leis 10.639/2003 e 11.645/2008 ainda estão muito longe de serem devida e amplamente aplicada, uma vez que a referida legislação não veio com os devidos incentivos para formação de professores e formação de profissionais da educação no geral. Os próprios materiais didáticos produzidos ainda não têm muita divulgação e nem existem em quantidade suficiente para que as escolas os usem em favor de uma educação antirracista.
Mundo Negro- O que você percebe de mudança no discurso social desde aplicação da lei?
Bem pouca e de caráter muito superficial. O discurso da comunidade escolar com relação ao negro, sobretudo com relação ao aluno negro ainda é extremamente discriminatória e as práticas racistas ainda são muito violentas. Entretanto, como temos em nosso país o mito da democracia racial, que tem como uma das características o “racismo cordial”, estas práticas, embora humilhantes e desumanas, se manifestam em forma de brincadeiras e numa cruel descontração.