Mundo Negro

Mulher negra que foi pisada no pescoço por PM é denunciada por quatro crimes

Foto: Reprodução / TV Globo.

A dona de um bar que teve o pescoço pisado por um PM em Parelheiros, na zona sul de São Paulo em 2020, foi denunciada por quatro crimes pelo Ministério Público, na pessoa da promotora Flávia Lias Sgobi. De acordo com a denúncia, a comerciante teria cometido infração de medida sanitária preventiva, desacato, resistência e lesão corporal contra um dos policiais envolvidos.

“Diante dos elementos trazidos ao conhecimento do Ministério Público pela autoridade policial, a Promotoria ofereceu denúncia contra a senhora Elisabete. (…) Na fase processual, com direito à ampla defesa, os fatos apurados durante a investigação serão devidamente esclarecidos”, afirmou Sgobi em nota enviada pelo Ministério Público de São Paulo.

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A denúncia acata a versão dos policiais de que eles foram vítimas da ação da comerciante, mesmo com vídeos que demonstram a brutalidade policial e que gerou reações da sociedade como um todo e do governador de São Paulo, João Doria. Após a ação policial, a mulher foi levada ao hospital com a perna quebrada e ferimentos no rosto.

“Em acompanhamento processual, para minha surpresa e estarrecimento, recebi a notícia de que minha cliente foi denunciada pelos crimes de infração à medida sanitária preventiva, desacato, resistência e lesão corporal em face dos Policiais Militares que a agrediram, de forma brutal”, diz o advogado da comerciante, Felipe Morandini, ao G1.

“Mesmo após a notícia ter se espalhado no mundo, causado revolta em todos, a mesma foi ignorada pelo membro do Ministério Público, que se baseou nas informações do Boletim de Ocorrência. Ignorou as imagens que foram noticiadas, e são de conhecimento público. Trabalharei incansavelmente pela defesa da comerciante, e principalmente, para que esta denúncia seja rejeitada pelo juízo. Não é (e não pode ser) possível que fatos notórios como estes sejam ignorados pelo Órgão Ministerial no momento de denunciar qualquer um que seja”, concluiu o defensor.

A denúncia ainda será analisada por um juiz do Tribunal de Justiça de São Paulo.

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