O desembargador Jorge Luiz de Borba, acusado de manter uma mulher negra em condições análogas à escravidão na sua casa por mais de 30 anos, em Santa Catarina, aparece em uma publicação no Instagram da sua esposa, Ana Cristina, segurando um cartão com agradecimentos feitos a ele na véspera do Dia dos Pais, em 2020, escrito: “De suas funcionárias: Soninha, Nadir, Elisangela, Lucimara”. Sônia é a mulher resgatada pela Polícia Federal. A informação é da reportagem do colunista do UOL, Leonardo Sakamoto.
Quando o caso repercutiu na reportagem do Fantástico no último domingo (11), o desembargador do Tribunal de Justiça de SC se defendeu das acusações, afirmando que tratava a vítima como filha e prometeu que iria adotá-la e incluí-la na herança, mas a postagem contradiz a sua fala.
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Nos comentários da publicação, o Borba respondeu: “muito gratificante quando tuas funcionárias te homenageiam, agradecendo”. A conta ficou restrita a não seguidores após repercusão da reportagem na TV Globo.
Procurada pela UOL, a assessoria da família Borba disse que a foto não será comentada. “Em respeito às decisões da Justiça, não haverá manifestação enquanto perdurar o sigilo”, afirma.
Entenda o caso
Sônia Maria de Jesus, uma mulher negra de 49 anos, surda e muda, passou mais de 30 anos sendo tratada como escrava na casa do desembargador de SC, Jorge Luiz Borba.
Sônia começou a morar na casa do desembargador ainda nova, com 12/13 anos e logo cedo começou a viver situações precárias e de escravidão moderna. Ela foi privada do direito de se comunicar e nunca aprendeu Libras, a linguagem brasileira de sinais.
Em sua defesa, o desembargador disse que ama Sônia como se fosse sua própria filha e quando ela precisava de cuidados médicos amigos e a própria filha, que é médica, a atendia.
Fonte: UOL/Leonardo Sakamoto