O Ministério Público da Bahia (MP-BA) instaurou um inquérito civil após receber uma representação contra a cantora Claudia Leitte por sua postura discriminatória ao substituir Iemanjá, divindade de religião de matriz africana, na letra da música “Caranguejo”. Durante uma apresentação, a cantora trocou o verso “Saudando a rainha Iemanjá” por “Eu canto meu Rei Yeshua”, referência a Jesus Cristo em hebraico, o que gerou críticas e acusações de intolerância religiosa e racismo religioso.
A representação foi formalizada pela Iyalorixá Jaciara Ribeiro, sacerdotisa do Ilê Axè Abassa de Ogum, e pelo Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras (IDAFRO). O caso será analisado pela promotora Lívia Sant’Anna Vaz, que decidirá se há elementos para abrir uma investigação.
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Segundo Hédio Silva Jr., advogado das partes denunciantes, a alteração na letra “não é criação artística ou improvisação”, e a mudança não foi registrada oficialmente no ECAD. Caso sejam comprovadas irregularidades, a artista também poderá enfrentar acusações de falsidade ideológica.
O episódio reacendeu discussões sobre racismo e intolerância religiosa no Axé Music. Pedro Tourinho, secretário de Cultura e Turismo de Salvador, criticou em suas redes sociais posturas que, segundo ele, desrespeitam as raízes da cultura negra. “Quando um artista se diz parte desse movimento, saúda o povo negro e sua cultura, faz sucesso e ganha muito dinheiro com isso, mas escolhe reescrever a história, o nome disso é racismo”, escreveu.