Mundo Negro

Movimento antirracista cresceu no Brasil após morte de George Floyd, diz pesquisa

Mural de George Floyd no local de sua morte em Minneapolis Foto de: Caroline Yang para o New York Times

Segundo a Zygon AdTech o levantamento que ocorreu entre os meses de maio, junho e julho de 2020 apontou que o pico de engajamento ao movimento “Vidas Negras Importam” já registrou 1,6 milhão de tweets em um só dia no país.

O estudo foi iniciado no dia 12 de maio (véspera da celebração da abolição da escravatura no Brasil) e analisou o engajamento, perfil dos usuários e os conteúdos dos movimentos antirracistas no twitter, em 4 etapas diferentes. Foram elas: de 12/05 a 26/05 Período anterior ao caso do George Floyd, de 27/05 a 07/06 no momento de maior repercussão do caso, 08/06 a 19/06 após a alta do caso, e de 20/06 a 19/07 na “nova fase” do movimento.

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Analisando esses períodos foi possível entender que, mesmo após o momento de maior repercussão do caso na mídia e nas redes sociais a média de publicações diárias que remetem ao movimento antirracista teve um aumento de 46%. Indo de 8,2 mil (pré manifestações e mobilizações nas rede) para 12,1 no (pós manifestações e mobilizações) os número do pós se mantiveram estáveis e é hoje considerado o “novo normal” do movimento.

Embora o caso de George Floyd tenha sido o estopim para as discussões raciais nas mídias digitais e tradicionais, apenas 7,7% do total de publicações citavam o nome dele. Lembrando que aqui no Brasil, uma semana antes da morte de George Floyd, já se falava sobre a morte de João Pedro, menino de 14 anos, morto a tiros dentro de casa durante ação policial.

Casos como o de George Floyd ocorrem todos os dias no Brasil, aqui a cada 23 minutos um jovem negro é morto e na maioria dos casos, pelas mãos dos agentes de segurança. No Brasil, os assuntos mais populares que dão início aos debates raciais são violência (28,9%) e manifestações de rua (15,4%).

Em aprofundação da pesquisa, foi possível ter acesso aos perfis das pessoas que levantavam as # e mediavam debates de combate ao racismo nas redes sociais durante esses períodos.  E além dos ativistas e influencers negros estavam os adolescentes fãs de cultura oriental (K-pop ou mangá).

Além do assunto estar sendo mais debatido na mídia, e mais pessoas e empresas estão se comprometendo com a luta antirracista, os jovens passaram a se engajar mais com a causa após os tristes acontecimentos de 2020, de forma que mantém o assunto no topo dos mais comentados e pressiona a sociedade para mudanças.

Lucas Reis, CEO da Zygon AdTech comentou sobre esses resultados e a importância da pesquisa “A discussão antirracista mudou de patamar no Brasil, e este estudo ajuda a quantificar isso. Achamos que é importante pra sociedade que esse assunto tenha maior repercussão, e ficamos orgulhosos em contribuir para esse debate com um estudo feito por uma equipe majoritariamente formada por pessoas negras (…)”

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