Mundo Negro

Mostra de criadoras em moda afro-latinas: Estilistas criam coleção que propõem um diálogo entre ancestralidade afro-brasileira e futurismo

Foto: Divulgação

(Texto: Divulgação)

Em sua quarta edição, a ‘Mostra de Criadoras em Moda: Mulheres Afro-Latinas’ é a junção de cinco ateliês da capital paulista com o objetivo de criar uma coleção exclusiva. O projeto propõe abrir espaço para pensar e fazer moda a partir de uma perspectiva mais democrática e inclusiva. O pré-lançamento, em formato de bate-papo, ocorre no dia 9 de março, das 20h às 22h, com as convidadas Goya Lopes, designer de superfície e artista plástica, e Julia Vidal, designer de moda. No dia 17 do mesmo mês, das 16h às 18h, acontece um desfile a céu aberto na região central de São Paulo.

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Nas três primeiras edições, cada equipe trabalhou em sua própria coleção, separadamente, para um desfile único ao final. Desta vez, a estratégia mudou, todas as etapas são desenvolvidas coletivamente com os ateliês Abayomi Ateliê, África Plus Size Brasil, Candaces Moda Afro, Cynthia Mariah e Xongani e contam com a presença do público.

Para o coletivo Manifesto Crespo, que coordena o projeto, e para o Núcleo Socioeducativo da Programação do Sesc 24 de Maio, idealizador da iniciativa, esta é uma oportunidade de ressignificar a moda. Neste ano, optaram por não usar o termo ‘modelo’, mas ‘mulheres desfilantes’. Além disso, as organizadoras não usam ‘looks’ para definir as peças, preferem criações.

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“Tudo isso faz parte de um processo de abrasileirar nossa moda, que também é nutrida por África e referências indígenas. A moda precisa expressar outras vivências, outras memórias, outros corpos. Esse é o nosso objetivo”, afirma Pamela Rosa, do Abayomi Ateliê.

 

Conceito da Mostra

 

Os grupos definiram duas linhas condutoras para a coleção. Todo o trabalho deverá expressar a conexão entre africanidade e afro-brasilidade, bem como percorrer uma trajetória que nasce em referências ancestrais até o futurismo.

“Elementos religiosos, os blocos afro dos carnavais, ícones como Maria Bonita e a expectativa de um futuro com mais liberdade e menos regras sociais de comportamento são algumas de nossas inspirações”, diz Ana Paula Mendonça, co-fundadora da marca Xongani.

Segundo a estilista Cynthia Mariah, a coleção é atemporal e não segue as tendências atuais, já que são muito eurocêntricas. “Pesquisamos elementos da nossa latinidade. Estamos trabalhando com algodão cru, chita, richelieu e estamparia artesanal, por exemplo. São materiais vivos em nossas memórias e identidade”, explica.

A proposta é que a passarela seja um território que demonstre humanidade para além da exibição nos palcos. Para isso, as roupas foram feitas a partir das histórias de vida das mulheres que irão vestí-las. O intuito é contrariar a ideia de que a criação seja mais importante e que modelos são ‘cabides’. “São mulheres reais do ponto de vista estético. Negras, gordas, trans; são donas de casa, trabalhadoras. Queremos que as peças representem suas histórias”, conta Ana Cristina Neves, da marca Candaces.

Além disso, Luciane Barros, do África Plus Size Brasil, aponta que é importante que a moda seja pensada para corpos gordos desde o início. “No começo, o desfile de peças para esse público era separado. Isso estava errado. Hoje, todos os ateliês planejam suas produções pensando na pluralidade dos corpos. Isso é um pré-requisito.”


Sobre as organizadoras

Manifesto Crespo

O Coletivo Manifesto Crespo é composto pelas educadoras Denna Hill, cantora e psicóloga, Jully Gabriel, produtora e jornalista, Lúcia Udemezue, produtora e socióloga e Nina Vieira, designer e fotógrafa. Com projetos e pesquisas voltadas à estética e corpo negros, por meio de educação, arte e eventos culturais. Conheça mais em http://manifestocrespo.org.

Abayomi Ateliê

Idealizado por Marisa Souza e Pamela Rosa, o projeto nasceu do desejo de dar visibilidade para as riquezas do bairro onde moram. Foi por meio de suas intervenções artísticas com o grafite que tiveram a ideia de enriquecer e fortalecer a cultura na periferia através de criações têxteis que valorizam as peculiaridades desse universo, com o objetivo de romper as barreiras do preconceito, intolerância e divisões de classe.

 

África Plus Size Brasil

APSFWB foca nas múltiplas expressões femininas inspiradas pela cultura africana e afrodiaspórica em prol da diversidade e da reflexão. O projeto nasceu em 2013 e realiza eventos que movimentam o mercado de moda, trazendo tendências de consumo e abrindo espaço para mulheres que antes eram marginalizadas no mundo fashion. Além de criar uma plataforma multicultural voltada às questões étnicas e sociais, o projeto também ajuda a melhorar a autoestima das mulheres.

 

Candaces Moda Afro

É uma empresa familiar que atua no mercado brasileiro desde 2013. Idealizada e criada por Ana Cristina Neves, produtora de moda, e Sandra Neves, gerente de produção, o objetivo é valorizar e propagar a cultura africana através de suas roupas e acessórios.  As vestimentas são criadas com a intenção de fazer com que homens e mulheres sintam-se representados em criações que dialoguem com a sua afrodescendência. O nome Candaces é dado a uma linhagem de rainhas, que lideraram por três gerações no sul do Egito, de forma matriarcal, onde o poder era passado de mãe para filha.

 

Cynthia Mariah

Cynthia Mariah é uma empresa que está no Mercado desde 2004. Inicialmente tinha o nome de Cynthia Mariah’s Bijous, mas com a expansão da variedade de produtos o nome foi alterado. Levando o mesmo nome de sua idealizadora, os produtos da marca são artesanais, exclusivos e tem um conceito sustentável. A estilista trabalha focada em evitar o desperdício, em satisfazer o cliente, em expressar ao máximo o amor que sente em produzir cada peça.

 

Xongani

Liderada por Cris Mendonça, sócia-fundadora e gerente de produção e Ana Paula Xongani, design, youtuber, sócia-fundadora e estilista, a marca é uma das referências em moda afro-brasileira contemporânea e urbana no Brasil. Encaram o trabalho como uma das múltiplas possibilidades para o resgate e valorização da cultura africana. Xongani é uma palavra do changane, língua do sul de Moçambique e que significa algo como “se arrumem”, “se enfeitem” ou “fiquem bonitas (os)”. Do continente negro, trazem a capulana – tecido tradicional de algumas das culturas locais – e, com ela, os traços fortes, alegres e coloridos próprios do design africano. Mais do que uma marca, Xongani é estilo, atitude e autoestima!

 

 

Serviço

MOSTRA DE CRIADORAS EM MODA: MULHERES AFRO-LATINAS

Pré-lançamento: Coleção 2017/2018 – Mostra de Criadoras em Moda
Com Goya Lopes e Julia Vidal
Dias:
9 de março de 2018. Sexta, 20h às 22h
Local: Teatro – 1º subsolo (216 lugares)

Retirada de ingressos com 1h de antecedência no local.

Livre
Grátis

 

Desfile das Criadoras
Dias:
17 de março de 2018. Sábado, 16h às 18h
Local: Rua Dom José de Barros

Livre
Grátis

Ficha Técnica

Ateliês: Cynthia Mariah, Abayomi Ateliê, África Plus Size Brasil, Xongani e Candaces

Mediação: Manifesto Crespo

Desfilantes: Erica Malunguinho, Celynha Moreira, Ciça Costa, Li Bombom, Evelyn Daisy, Wanessa Yano, Nairobi Ayobami, Lidia Thays, Buh D’Angelo, Dalva Serra

Poetas: Joana Côrtes, Dinha, Kimani, Tatiana Nascimento

DJ: Luana Hansen

Maquiagem: Mika Safro

Costureiras e modelistas: Renata Baptista, Roseli Torres, Thata Vieira e Selma Paiva

Preparadora corporal: Janette Santiago | musicista: Adriana Aragão

_________________________________________

SESC 24 DE MAIO

Rua 24 de Maio, 109, Centro, São Paulo

Fone: (11) 3350-6300

 

Horário de funcionamento da unidade:

Terça a sábado, das 9h às 21h.

Domingos e feriados, das 9h às 18h.

 

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