Durante a abertura do Festival Latinidades, a Chefe da SEPPIR falou sobre a capacidade que a mulher negra tem de criar novos rumos para a população negra e lembrou o caráter político do Festival considerado o maior do país
“Mesmo a partir da desvantagem social, tivemos e temos as condições para criar rumos novos para nossas vidas. E, ao fazê-lo, criamos rumos novos também para o conjunto da comunidade negra, para o conjunto da população negra”. A declaração é da ministra Luiza Bairros (Igualdade Racial), feita na abertura do Latinidades – Festival da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha no último dia 22.
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Nesta sexta edição, o projeto que marca o 25 de Julho – Dia Internacional da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha, presta homenagem à escritora mineira Conceição Evaristo. “A data é uma inserção recente, porém o mais impressionante é como ela foi capaz de produzir uma repercussão tão grande no continente como um todo e, no Brasil, mais especificamente”, afirmou a chefe da SEPPIR, destacando a grande quantidade de atividades realizadas em todo o país para fazer do 25 de Julho o dia em que se celebra a presença da mulher negra na África e na Diáspora.
A ministra analisou também a condição da mulher negra no contexto atual, considerando o progresso e o processo de inclusão experimentado pelo Brasil na última década. “A mulher negra e, mais particularmente a mulher negra jovem, continua sendo parte daquilo que chamo de paradoxo do desenvolvimento no Brasil, porque foi o setor, o segmento da população que soube melhor se aproveitar de todas as oportunidades que foram criadas nos últimos anos”, disse, atribuindo a conclusão à maioria dos analistas da história mais recente do país.
“Apesar dos avanços, as mulheres negras continuam sendo parte das estatísticas do segmento com mais desvantagens”, disse ainda a ministra, afirmando que “ao mesmo tempo em que os efeitos negativos do racismo se manifestam mais diretamente sobre a nossa qualidade de vida, por um lado, por outro lado também é o setor mais bem aparelhado da população negra para vencer os obstáculos colocados pelo racismo”. Para ela, essa contradição confere à luta das mulheres negras a importância que ela tem para a superação do racismo no Brasil.