
No último dia 18 de julho, o memorial em homenagem às mulheres negras foi vandalizado, em Duque de Caxias, município da Baixada Fluminense. Testemunhas apontaram que o responsável foi um homem, ainda não identificado. O que marca muito este ato específico é o momento, a forma e o alvo. Veja bem, inauguraram o mural há coisa de um mês, e exatamente uma semana antes do Dia Internacional da Mulher Negra Afrolatino Americana e Caribenha, um cara chega e passa tinta branca cobrindo o rosto das mulheres retratadas.
Uma delas, a professora Rose Cipriano, integrante do Coletivo Feminista Minas da Baixada e ativista do Movimento Negro Unificado, tomou conhecimento pela Iniciativa de Direito à Memória e Justiça Racial (IDMRJ), organizadora do memorial. “Me ligaram avisando que o memorial tinha sido vandalizado. Eu achei que era alguma pichação, algo comum, mas aí me avisaram que tinham pintado nossos rostos de branco. A gente ficou pessoalmente muito impactado, porque é a nossa imagem. A gente entende que foi racismo, uma tentativa de apagar a memória dessas mulheres“.
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A ideia de um ato racista fica meio óbvia por todo o contexto. Ainda mais no mundo em que vivemos, no momento pelo qual a sociedade mundial passa. Todo dia temos, só no campo das notícias, sem contar o que não chega ao grande público, atos e bizarrices do tipo. Desde jogadores de futebol em competições internacionais até o próprio presidente do país com um de seus aliados em live. E, tanto para Rose quanto para as pessoas envolvidas na organização do memorial e vendedores próximos ao local também já cogitaram essa motivação. Afinal, um vandalismo apenas inconsequente, seria mais comum em forma de pichação ou coisas do tipo, não é verdade?
A ativista ainda relata que os próprios vendedores da região se manifestaram. “A gente conversou com os vendedores ali de perto e eles se comprometeram em estar olhando. (…) Eles viram o homem pintando os rostos. Mas quando eles gritaram o homem correu. Muita gente falou conosco da indignação, as pessoas estão entendendo esse ato de racismo (…)“. As mulheres homenageadas se reunirão com a IDMRJ e os artistas, nesta semana, para refazer o memorial. Farão também, no próprio dia 25, um ato de desagravo pelo vandalismo no Viaduto Centenário, em Duque de Caxias. Além de analisar que medidas irão tomar a respeito.
Simbólico, né? O dia que marca a luta pela igualdade das mulheres negras será de protesto por ato de vandalismo num mural que as homenageia. Mas, assim é a vida, todo dia uma batalha. E isso só reforça a necessidade de estarmos sempre atentos, já que o racismo não descansa, nem tira férias. As provocações ficam maiores na mesma proporção que atitudes afirmativas vão se propagando.
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