“Acho que minha profunda obstinação por justiça vem da personalidade dinâmica, muito enérgica, de meu pai, e imagino que os traços gentis venham de uma mãe muito doce e gentil” – Martin Luther King Jr.
Texto: Ricardo Corrêa
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Após quinze anos do assassinato de Dr. King por um supremacista branco, o ex-presidente, Ronald Reagan, sancionou o “Dia de Martin Luther King Jr.” como feriado nacional (1983). Anualmente, a celebração acontece na terceira segunda-feira do mês de janeiro. Isso é bastante significativo em um país descaradamente racista, com amplo histórico de linchamentos, incêndios de igrejas e moradias de famílias negras, somados ao sistemático assassinato e encarceramento dessa população. Mas, até que ocorresse o reconhecimento institucional, houve muita resistência por parte dos racistas estadunidenses. Eles argumentavam que as ações de Dr. King sofriam influência comunista, e que ele era um antipatriota (devido à oposição à Guerra do Vietnã). Por outro lado, o astro da música negra, Stevie Wonder, engajou no movimento em prol da homenagem, e até lançou a canção Happy Birthday (1980) para fortalecer a campanha.
Martin Luther King Jr., Ph.D em Teologia pela Universidade de Boston (1951), nasceu em 15 de janeiro de 1929, Atlanta, no Estado da Geórgia. Na universidade, conheceu a ativista dos direitos civis, Coretta Scott King, com quem se casou e constituiu uma família de quatro filhos. A sua projeção como liderança política iniciou na cidade de Montgomery, onde era ministro da Igreja Batista. Naquela época, as Leis Jim Crow (1876 -1965) oficializavam a segregação racial entre negros e brancos, nos estados do Sul dos Estados Unidos. Numa ocasião, especificamente no dia 1° de dezembro de 1954, a costureira Rosa Parks, ao retornar para casa utilizando transporte público, recusou-se a ceder o lugar no assento do ônibus para um homem branco. Por essa razão, acabou sendo presa por desobediência civil. Ao tomar conhecimento do caso, Dr. King organizou um amplo boicote aos ônibus, resultando, mais tarde, no fim da segregação racial no transporte público “Chega a hora em que as pessoas se cansam de ser pisoteadas pelo pé de ferro da opressão. Chega a hora, meus amigos, em que as pessoas se cansam de ser lançadas no abismo da humilhação, onde vivenciam a desolação de um pungente desespero.“
Todos os protestos e movimentos organizados por Dr. King eram baseados na filosofia da não-violência. Ele acreditava que esse método de ação direta instalava tensão e crise, forçando o establishment branco a negociar. Tal abordagem o projetou nacional e internacionalmente o tornando, assim, um dos maiores pacifistas da história, tanto que ganhou o Prêmio Nobel da Paz (1964) com apenas 35 anos de idade “Aceito o Prêmio Nobel da Paz no momento em que 22 milhões de negros dos Estados Unidos da América estão engajados em uma batalha criativa para acabar com a longa noite de injustiça racial. Aceito este prêmio em nome de um movimento de direitos civis que se move com determinação e um desprezo majestoso pelo risco e perigo para estabelecer um reino de liberdade e um estado de justiça.”
Um dos seus discursos mais famosos I Have a Dream (Eu tenho um sonho), proferido na Marcha sobre Washington por Emprego e Liberdade (1963), que reuniu em torno de 250.000 pessoas, ainda inspira populações mesmo passado mais de cinquenta anos. Os esforços de Dr. King influenciaram na aprovação de leis que impediram a discriminação racial nos Estados Unidos. E não se encerrou nisso. Ele deixou a lição a todos os negros, e povos oprimidos no mundo, de que lutar por uma sociedade fraterna, e com justiça social, é um direito que nenhum de nós deve abrir mão.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALEXANDER, Michelle. A nova segregação: racismo e encarceramento em massa. São Paulo: Boitempo, 2018.