A mobilização das mulheres negras já começou em todo o país para a Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver, marcada para 25 de novembro de 2025, em Brasília. A expectativa é reunir 1 milhão de participantes, em uma articulação que reúne Comitês Impulsores Estaduais, Regionais, Temáticos, Nacional e, pela primeira vez, um Comitê Internacional, responsável por fortalecer alianças e mobilizar ativistas negras em diversos países, especialmente na América Latina. Desde 2022, coletivos vêm organizando caravanas, formações e ações para garantir que mulheres negras de diferentes territórios e frentes de luta estejam presentes.
Em contagem regressiva, as organizações lançaram um vídeo manifesto com a participação de atrizes como Taís Araujo, Camila Pitanga, Roberta Rodrigues, Cinnara Leal, e outras mulheres negras. A cantora Larissa Luz também se soma à convocação com o jingle oficial da Marcha, “Mete marcha negona, rumo ao infinito”.
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Informações completas para quem deseja participar estão disponíveis no informe logístico publicado no site oficial (https://marchadasmulheresnegras.com.br/), com versões em espanhol, inglês e francês.
A Marcha de 2025 acontece dez anos depois do ato histórico de 2015. Naquele 18 de novembro de 2015, cerca de 100 mil mulheres negras e apoiadores ocuparam Brasília na Marcha das Mulheres Negras contra o Racismo, a Violência e pelo Bem Viver, considerada a maior mobilização política de mulheres negras da história do Brasil. O ato impulsionou a criação de dezenas de grupos e coletivos pelo país, fortaleceu redes de articulação e pavimentou caminhos para a incidência política em diferentes frentes.
Alguns avanços marcariam a década seguinte: a representatividade de mulheres negras na Câmara dos Deputados passou de 2% em 2014 para 5,7% em 2022, enquanto no ensino superior público elas passaram a representar 27% do total de estudantes. Ainda assim, as estruturas racistas, sexistas e violentas que atravessam a sociedade brasileira permanecem firmes, exigindo organização coletiva contínua e políticas efetivas de reparação.
É nesse contexto que as mulheres negras retornam às ruas com uma marcha ainda mais ampla, internacionalizada e politicamente estruturada para enfrentar desigualdades que seguem profundas — reafirmando que a luta por bem viver e reparação é urgente, necessária e inegociável.