Por: Simone Nascimento (médica, palestrante, TEDx Speaker e Top Voice LinkedIn)
Dormir não é perder tempo. Dormir é viver. É no silêncio da noite que o corpo executa a grande missão de se preparar para o dia seguinte: ele se repara, a mente se organiza e a vida se preserva.
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O sono é o guardião invisível da nossa saúde física e mental. Quando ele falha, a ansiedade cresce, a depressão se intensifica, a memória falha, as ideias se embaralham. É dormindo que o cérebro arquiva lembranças, faz faxina nas sinapses e fortalece a atenção para o dia seguinte. Negar-se ao sono é abrir mão da própria clareza.
É no escuro profundo que o corpo aciona seu arsenal de defesa. A ciência mostra: noites curtas aumentam o risco de câncer, porque o sistema imunológico perde a capacidade de reconhecer e destruir células anormais. Dormir mal também acelera processos inflamatórios
que preparam o terreno para doenças crônicas.
Enquanto sonhamos, o cérebro ativa sua potente rede de limpeza: o sistema glinfático, que remove proteínas tóxicas como a proteína beta-amiloide, diretamente ligada ao Alzheimer. Cada noite bem dormida é uma barreira erguida contra a perda da memória e da identidade.
O sono também constrói o corpo. É durante o sono profundo que liberamos hormônio do crescimento (GH), essencial para a regeneração de tecidos, cicatrização e ganho de massa muscular. Noites ruins quebram esse ciclo, dificultando a recuperação física e até mesmo os resultados de quem treina.
Noite após noite, a orquestra hormonal se ajusta no compasso do sono:
● A melatonina sinaliza escuridão e protege células contra envelhecimento.
● O cortisol encontra seu ritmo natural, evitando o caos do estresse crônico.
● A leptina e a grelina, hormônios da fome e da saciedade, se equilibram — explicando por que quem dorme pouco sente mais fome, busca mais açúcar e acumula mais peso.
O sono não é luxo. É pilar da sobrevivência. Quem dorme preserva não apenas sua saúde, mas sua humanidade. É no descanso que renascemos, que consolidamos quem somos e preparamos quem queremos ser.
Dormir é um ato de resistência em uma sociedade que insiste em exaltar a exaustão. Dormir é um ato político, de autocuidado radical, de afirmação da vida.
O sono é medicina gratuita, é direito de todos, é chave da longevidade. Cuidar do sono é cuidar da mente, do corpo e da alma.
E hoje, mais do que nunca, precisamos defender esse direito com a mesma seriedade que defendemos o ar que respiramos. Que este manifesto lembre a cada um de nós: preservar o sono é preservar a vida.
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