Um jovem de 19 anos foi vítima de agressões no início de abril por colegas da escola Amadeu Amaral, localizada no Belenzinho, em São Paulo, depois que uma professora falou em sala de aula sobre o trabalho realizado pela mãe do garoto na luta pelos direitos humanos e contra o racismo religioso. Adriana de Toledo, conhecida como “Adriana de Nanã” afirma que o filho, que é neuroatípico e demanda cuidados, vinha sofrendo violências há meses. “Ele já vinha há meses sofrendo violência psicológica, com ataques homofóbicos verbais e racismo religioso”, contou em entrevista ao Mundo Negro.
As agressões contra o jovem, que não terá a identidade revelada, aconteceram no dia 5 de abril, mas o caso só chegou à imprensa ontem. Ele foi cercado por cerca de sete alunos, levou socos na boca, além de sofrer ofensas de cunho racista. A direção da escola só entrou em contato com Adriana após os ataques sofridos pelo filho. “A vice diretora entrou em contato apenas no dia da agressão, pois após ser atacado e fugiu dos agressores e voltou para a escola”, disse a mãe.
Notícias Relacionadas
Ela conta que os pais do rapaz que atacou seu filho foram chamados na escola e que, depois do episódio, por medo de novos ataques, o filho deve concluir os estudos à distância. “Devido ao comportamento violento de vários jovens na escola e por se tratar de um grupo, e entender que mesmo que garantisse a segurança levando e trazendo da escola, não há garantia de segurança dentro da escola. Por isso acordei com a escola a conclusão do terceiro ano à distância. Recebemos as atividades por e-mail e ajudo meu filho nas tarefas”, revelou a mãe.
Adriana de Toledo registrou um boletim de ocorrência contra os agressores do filho. Em nota enviada para o portal Alma Preta, a Secretaria Estadual de Educação afirmou que “assim que soube do fato, que aconteceu fora da escola, a equipe gestora convocou os responsáveis dos envolvidos para uma reunião”. Já a Secretaria de Segurança Pública (SSP) comunicou que o caso está sob investigação pelo 81º Distrito Policial. A vítima foi ouvida e a diretora da escola foi intimada para prestar declarações.
Mesmo após o episódio, Adriana de Toledo afirma que continuará a fazer parte da comunidade escolar e que está em diálogo com a escola, onde deve contribuir com um projeto de enfrentamento à violência. “Quero destacar que, além das ações legais, boletim de ocorrência e inquérito, estou dialogando com a Escola Estadual Amadeu Amaral para contribuir na elaboração de um projeto de enfrentamento a violência na escola”, pontuou. “Apesar da dor de mãe da vítima, que não tenho nem como descrever como estou me sentindo, entendo ser obrigação do Estado, mas também da sociedade civil enfrentarmos este fenômeno juntos”, reforçou.