Muita gente aproveitou a quarentena para maratonar a nova série da Netflix Madam C.J. Walker, onde Octavia Spencer, interpreta Sarah Walker, a primeira milionária negra dos EUA.
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Outra personagem de destaque bem no início da série é Addie Monroe, interpretada por Carmen Ejogo.
Essa personagem fictícia foi inspirada na história de Annie Malone que teve uma épica contribuição para indústria da beleza, ativismo negro e empreendedorismo tão relevante quanto Sara.
Nos EUA algumas feministas e influenciadores negras estão protestando sobre a forma com que Annie foi apresentada no seriado, quase como uma “vilã da Disney”.
Na vida real, Sarah e Annie tinham o mesmo tom de pele. Então colorismo não era uma questão entre elas.
As duas eram filhas de pais escravizados. Annie foi criada pela irmã mais velha em Ilinois e teve mais oportunidades que Sarah. E foi brincando com o cabelo da irmã que a paixão pelos cosméticos nasceu. Ela nunca fez faculdade, mas na escola, química era sua paixão ( e dom).
A Oprah Magazine cita o livro “Her dream of Dream: The Ride and Triumph of Madam C.J. Walker”, onde diziam que ela adorava pegar ervas com parentes e misturar com ervas medicinais conhecidas quando era adolescente. Seus produtos tinham o objetivo de alisar o cabelo sem danificar o couro cabeludo.
Voltando à relação de Annie e Sarah, a química contratou a futura milionária como vendedora e foi sua mentora. As duas romperam por divergências de visões de negócio, o que não tem nada a ver com o fato de uma ser “mais bela” do que a outra.
Annie Malone também se tornou milionária sendo pioneira na criação de escolas de beleza.
A rede Poro College possibilitou a capacitação de milhares de mulheres negras que puderam abrir o seu próprio negócio. Para ser exato, foram mais de 75.000 mulheres treinadas no mundo todo, incluindo América do Sul e África.
Tanto Sarah quanto Annie usaram seu patrimônio para investir na comunidade negra destinando parte de sua fortuna em doações para faculdades negras. Annie fez grandes doações para Howard University, a faculdade para negros nos EUA.
Annie Malone morreu em 1957, com 87 anos. Infelizmente seu rico patrimônio diminuiu significativamente após seu divórcio do segundo marido, que ficou com quase metade de sua fortuna. Logo em seguida uma grande recessão dificultou o crescimento do seu negócio.
Fica a dúvida sobre os motivos pelos quais os roteiristas da série escolheram mostrar essa personagem de forma não acurada.
Em sua conta do Instagram, a atriz que interpreta Addie destaca a importância de saber mais sobre a real contribuição de Annie Malone para cultura americana.
“ ‘Addie’ em Self Made é uma inimiga fantasiosa de Madame CJ Walker, ela é fictícia e realmente serve para impulsionar a história de uma maneira que mantenha o drama em movimento. A verdadeira “Annie” era uma incrível empresária e filantropa, sobre a qual você deveria conhecer se ainda não o conhece”, sugere Carmen.