Mundo Negro

“Macaco aprendeu a falar?”: jovens abrem B.O por racismo em grupo de Whatsapp da universidade, em MT

Foto: Reprodução/Redes Sociais

Mais um caso de racismo! Nesta semana, um grupo de jovens registrou um boletim de ocorrência contra estudantes brancos que destilaram ódio com mensagens racistas no grupo de Whatsapp da UNEMAT (Universidade do Estado do Mato Grosso), no campus de Alta Floresta.

Na última terça-feira, 27 de fevereiro, o coletivo Levante da Juventude – MT expôs nas redes sociais uma série de prints de um grupo com professores e estudantes, onde os membros de uma atlética da universidade iniciaram as ofensas: “I don’t speak monkey” (Eu não falo macaco, traduzido em português). 

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Na sequência uma série de outras ofensas raciais foram enviadas no grupo, repetindo a mesma frase ou zombando de pessoas pretas de pele retinta, entre outras mensagens. Em uma figurinha, contém a frase: “Desde quando macaco aprendeu a falar?”. Já em outra, pede fim ao racismo, com a imagem de um menino branco com a mão branca ao lado de um macaco com a mão preta.

Após outros estudantes reclamarem das mensagens e anunciarem saída por não compactuar com o que estava acontecendo, as ofensas se intensificaram de forma direta aos que integravam o grupo. “Já, caiu no artigo do racismo. A sentença é 50 chibatadas”, debocha uma pessoa, enquanto outros tentam relativizar a situação a apenas uma brincadeira.

No dia seguinte, após pressão dos estudantes por um posicionamento da UNEMAT, a instituição publicou uma nota no Instagram, afirmando que repudia “qualquer forma de racismo e discriminação racial”, se comprometendo a “lutar contra o racismo em todas as suas formas”. No entanto, os denunciantes afirmam que nada foi feito de concreto além do texto e pedem a expulsão de todos os envolvidos. (Leia no final da matéria a nota completa)

Em entrevista ao Mundo Negro neste sábado, 2 de março, o advogado de acusação Vinícius Eduardo de Jesus Pereira, formado pela UNEMAT de Alta Floresta e um dos professores que estavam no grupo, diz que situações como essas são recorrentes. “Discriminação, principalmente de transfobia e homofobia, já ocorrem por aqui, dentro do ambiente acadêmico, e foram abafadas. Os indivíduos, inclusive, foram desencorajados a tomar as medidas legais viáveis”, relata. 

Enquanto homem negro e LGBT, Vinícius relata que não teve como se abster da série de ofensas enviadas no grupo e decidiu representar juridicamente contra os infratores no boletim de ocorrência e fala sobre os próximos passos. “Estamos aguardando que as demais testemunhas e os infratores sejam ouvidos pela polícia. A partir disso, esperamos que criminalmente, os indivíduos sejam indiciados pela delegacia municipal e devidamente processados pelas condutas realizadas, com condenação que pode variar de 2 a 5 anos e multa”, explica.

Em relação a UNEMAT, ele conta que está sendo protocolado um “requerimento administrativo frente à instituição para que os discentes do campus sejam academicamente processados, com o intuito de que as medidas disciplinares devidas sejam aplicadas. A intenção maior é que os infratores sejam desligados dos seus respectivos cursos, já que a própria Normatização Acadêmica prevê essa punição”.

Leia a nota na íntegra da UNEMAT abaixo:

Nós, da Universidade do Estado de Mato Grosso – Campus de Alta Floresta, expressamos nosso veemente repúdio a qualquer forma de racismo e discriminação racial. O racismo é uma prática abominável e uma violação dos direitos humanos fundamentais, que perpetua desigualdades, promove ódio e impede o progresso de nossa sociedade como um todo.

É inaceitável que, em pleno século XXI, indivíduos ainda sejam julgados, discriminados ou violentados por conta da cor de sua pele, origem étnica ou cultural. Tal comportamento não apenas desumaniza as vítimas, mas também empobrece o perpetrador e a sociedade em que este se insere.

Comprometemo-nos a lutar contra o racismo em todas as suas formas, promovendo a educação, o respeito à diversidade e a inclusão em nossas práticas diárias. Estamos ao lado daqueles que sofrem com o racismo e apoiamos iniciativas que visam erradicar essa praga de nossa sociedade.

Fazemos um chamado à reflexão e à ação. É dever de todos(as) combater o racismo, seja ele explícito ou velado. Encorajamos indivíduos, outras organizações e instituições a se juntarem a nós nesta causa crucial, promovendo uma cultura de tolerância, igualdade e justiça.

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