Nessa sexta-feira (9) a cantora Ludmilla publicou uma foto com suas as madeixas naturais e legendou: “URGENTE: Ludmilla tira a lace e ganha lugar de fala“. “Meu black, minha raiz. Meu cabelo, minhas regras. Respeita nosso cabelo”, continuou por meio de hashtags.
Recentemente, Ludmilla foi, mais uma vez, alvo de criticas após comandar o show do BBB21 no sábado (3). A cantora aproveitou o seu espaço para dar uma declaração contra o preconceito: “A próxima música que vou cantar agora fala sobre uma coisa que o mundo está precisando, que é respeito. Respeita o nosso funk, respeita a nossa cor, respeita o nosso cabelo. Respeita caralh*”, disse Lud.
Notícias Relacionadas
A fala de Ludmilla soou como uma resposta a Rodolffo, que comparou o cabelo de João com a peruca do “monstro”, mas também foi interpretada como uma resposta para Val Marchiori que ganhou um processo na Justiça alegando “liberdade de expressão” ao comparar o cabelo de Ludmilla com uma esponja de aço em 2016. Inclusive, em seus stories, a funkeira confirmou que a resposta estava ligado ao processo contra a socialite e não foi uma indireta à ninguém da casa.
Após todo o posicionamento, necessário, Ludmilla recebeu comentários sobre sua negritude por fazer uso de lace. Nas redes sociais, ela rebateu os comentário: “O fato de eu estar usando uma lace lisa não anula as minhas raízes, meu cabelo é crespo e meu local de fala sobre o racismo que eu sofro continuam. Não sejam ignorantes”, acrescentou ela. “E quem não gostou, qualquer coisa me bota no paredão“, concluiu.
Lace e ancestralidade
De acordo com registros, as perucas são originárias do Antigo Egito que, em função do clima quente, eram utilizadas como importantes acessórios de proteção contra a ação solar diretamente no couro cabeludo. Além disso, elas eram artigos sofisticados, tidos como uma mercadoria valiosa dentro do mercado de escambo, ao lado do ouro e do incenso. A utilização de uma peruca poderia determinar o status social e algumas pessoas chegavam a ser enterradas com suas perucas na expectativa de que, na vida após a morte, fossem vistas como pessoas ricas e bonitas.
Segundo o portal ELLE, em 1960, o entrelaçamento de cabelos encontrou nas mulheres negras norte-americanas as consumidoras certas. Um famoso salão dava a possibilidade de ter diferentes cabelos. Com a nova técnica, era possível não somente ter o visual de fios bem lisos, como criar penteados étnicos com tranças e outros arranjos que dispensavam lavagens e cuidados diários.
Trinta anos depois, a técnica passou a atrair celebridades do mundo inteiro em busca de cabeleiras alongadas e permanentes para variar no visual. Atualmente, as cantoras Beyoncé e Nicki Minaj são as personalidades do mundo dos famosos que mais ostentam esse tipo de artifício.
Ou seja, lace é ancestral e mostra, mais uma vez, a versatilidade da mulher negra e toda a sua potencia de trocar de cabelo como se troca de roupa (um sonho!). Ludmilla, Beyoncé, Camila de Lucas, todas pretas poderosas.