Um sorvete feito à base de mandioca, sem conservantes ou ingredientes industrializados une tradição quilombola e inovação gastronômica. Criado por Joélho Caetano, morador do quilombo de Conceição dos Caetanos, no município de Tururu localizado a 107 km de Fortaleza, no Ceará, o “Sorvete Farinhada” leva uma cobertura de farofa doce com coco, rapadura e manteiga de garrafa, ingredientes típicos da cultura local.
Ao criar a sobremesa, o gastrólogo também buscou valorizar as práticas alimentares características de sua comunidade. A inspiração veio das casas de farinha do quilombo, onde a mandioca é processada artesanalmente para virar farinha, goma para tapioca e outros derivados. Joélho cresceu vendo a mãe, Medina Caetano, e a avó, Maria Caetano de Oliveira, trabalharem nesses espaços e se inspirou nas duas para se aprofundar na área de gastronomia. A ideia de fazer sorvetes surgiu aos 15 anos, após sua primeira visita a uma sorveteria em Fortaleza. “Fiquei encantado e quis levar essa experiência para o quilombo”, conta.
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Com a mãe, ele abriu a Caetanos Sabores, uma pequena sorveteria caseira que, aos poucos, ganhou clientes, mas com o tempo, sentiu que precisava fazer algo além dos sabores tradicionais. A oportunidade veio quando Joélho ingressou na Escola de Gastronomia Social, onde desenvolveu o projeto com mentoria do gastrólogo Bruno Modolo e apoio da Bellucci Gelateria, de Fortaleza. O desafio foi criar um sorvete que usasse a mandioca como base, substituindo aditivos industrializados: “Usamos as fibras da mandioca no lugar de emulsificantes, deixando o sorvete mais natural”, explica. Para dar sabor, acrescentou a farofa doce, feita com ingredientes tradicionais. “É uma combinação que remete à infância, à farinha com rapadura que a gente comia”, diz.